Investing.com - O lema de segurança dos traders de petróleo parece estar de volta: "quando se está em dúvida, basta seguir o mercado de ações".
O impressionante rali que elevou o preço dos contratos futuros de petróleo desde o Natal parece que cessou, dando lugar a uma forte queda da commodity influenciada por múltiplos dados sugerindo desaceleração da economia da China, a segunda maior do mundo e o baluarte do crescimento global.
O petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI), negociado em Nova York, caiu 87 centavos, ou 1,65%, para US$ 50,75 por barril às 17:18 (horário de Brasília), seguindo o recuo dos papéis em Wall Street após uma queda inesperada nas exportações da China em dezembro. O petróleo Brent, negociado em Londres e referência global do petróleo, caiu US$ 1,18, ou 1,95%, para US$ 59,30.
As exportações da China em dezembro diminuíram 4,4% em relação ao ano passado, a maior queda em 2 anos. As importações chinesas também caíram 7,6%, a maior redução desde 2016. Os dados reforçaram as preocupações de que as tarifas dos EUA estavam prejudicando os produtos chineses, o que levou até mesmo a gigante Apple (O: NASDAQ: AAPL) que fabrica seus produtos fora da China, a emitir um alerta de redução de lucro.
"As notícias da China tiraram o mercado de petróleo do verde também", escreveu Dan Flynn, analista do The Price Futures Group de Chicago, em sua nota de segunda-feira, quando WTI e Brent se correlacionaram com o mercado de ações novamente depois de um rali de três semanas ininterruptas.
Embora o petróleo tenha se recuperado com pouca resistência até agora este ano, o enigma para muitos é quanto o mercado pode continuar sua escalada de aumento de preços, já que a determinação saudita de cortar a produção enfrenta a resistência de uma economia vulnerável na China e à demanda global de energia.
O ministro da Energia da Arábia Saudita, Khalid al-Falih, disse na semana passada que o Reino estava bombeando aproximadamente 800.000 barris a menos por dia, de uma alta recorde de 10,2 milhões de barris por dia em novembro. A quantia que Riyadh enviaria para o exterior em fevereiro seria de 100 mil bpd a menos que os 7,2 milhões de bpd de janeiro, acrescentou.
Enquanto o WTI se estabilizou na semana passada com o maior ganho semanal em pelo menos seis meses - quase 8% -, o mercado de sexta-feira caiu devido a preocupações de que as últimas negociações comerciais entre EUA e China terminaram sem um resultado positivo.
Mesmo que um acordo comercial seja fechado, há preocupações de que o crescimento da China em 2019 possa ser um dos menores desde 1990. Sendo o maior consumidor de petróleo do mundo, qualquer queda significativa na economia chinesa terá grandes ramificações para a demanda por energia.
WTI ganhou mais de 20 por cento desde os menores preços em 18 meses atingidos na véspera de Natal, a US$ 42,36. Há expectativas de que seja testada a barreira dos US$ 55 por barril em breve, como parte do objetivo dos touros de petróleo de chegar a US$ 60 no primeiro trimestre, que representaria uma recuperação de 42% em relação aos mínimos de 2018, mais do que a queda do ano passado. Mas em termos de dólares, a recuperação por barril seria apenas cerca de US$ 17 em comparação aos US$ 37 perdidos em relação ao pico de de 2018.