RIO DE JANEIRO (Reuters) - A importação de combustíveis pelo Brasil deverá crescer quatro vezes até 2030 e tornar o déficit do país o maior do planeta, estimou nesta quarta-feira a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A importação média de combustíveis do Brasil poderá atingir 1,201 milhão de barris por dia (b/d) em 2030, alta de 271 por cento ante a média registrada em 2015, de 323 mil barris por dia, disse nesta terça-feira a diretora-geral da autarquia, Magda Chambriard, em evento no Rio de Janeiro.
O cenário foi calculado considerando que a refinaria do Comperj, em construção pela Petrobras (SA:PETR4) no Rio de Janeiro, com muitos atrasos, não entre em operação conforme o previsto em 2023. Caso a refinaria entre em operação, a média de importações em 2030 deverá atingir 1,142 milhão de b/d.
A Petrobras está em busca de um sócio para concluir as obras da refinaria do Comperj, sem sucesso até o momento.
O cálculo inclui diesel A, os combustíveis do Ciclo Otto (gasolina e etanol, por exemplo), querosene de aviação, gás liquefeito de petróleo (GLP) e nafta.
"Vai faltar (combustíveis) e essa falta tem que ser suprida por importação... isso tem impactos na logística. O consumidor não mora no porto, mora em diversos pontos do Brasil", alertou Magda, destacando a necessidade do país aprimorar sua infraestrutura de distribuição.
No caso do diesel A, a importação média brasileira deverá atingir 483 mil b/d em 2030, avanço de 313 por cento ante a média de 117 mil b/d em 2015, considerando um cenário em que a refinaria do Comperj não entre em operação em 2023.Caso a refinaria esteja operando, as importações de diesel A do Brasil em 2030 serão de 424 mil b/d, estimou a ANP.
A importação média de combustíveis do Ciclo Otto deverá atingir 408 mil b/d em 2030, alta 1175 por cento ante a média importada em 2015, de 32 mil b/d.
Além da conclusão do Comperj, Magda destacou que o Brasil precisa de outras medidas para atingir a autossuficiência de combustíveis, como a operação máxima da primeira unidade de refino da Refinaria do Nordeste (Rnest), prevista para 2017, e a da segunda unidade, prevista para 2019.
Ela acredita ainda na necessidade de construção de duas outras refinarias.
Segundo Magda, o cenário de dependência externa é preocupante e demanda medidas e investimentos urgentes.
"Não vamos ter muito tempo para perder nisso", disse a executiva.
(Por Marta Nogueira)