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Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A introdução de tarifas pelos Estados Unidos que impactem o café, incluindo o produto do Brasil, pode reduzir a demanda norte-americana em meio a maiores custos com as taxas, colaborando para uma redução no déficit global no mercado da commodity na temporada 2024/25 (outubro/setembro), avaliou a Hedgepoint Global Markets em uma apresentação nesta quinta-feira.
O déficit no mercado mundial de café em 2024/25 pode cair para 1,7 milhão de sacas de 60 kg, em caso de tarifas dos EUA afetarem o consumo no país, o maior consumidor global, disse a analista de inteligência de mercado da Hedgepoint, Laleska Moda.
Em um cenário base, sem impacto no consumo dos EUA, a projeção da consultoria é de um déficit global de 3,5 milhões de sacas em 2024/25, disse Moda.
"Ainda existe a possibilidade de um impacto adicional na demanda nos EUA, caso as tarifas entrem em vigor. Nesse caso, consideramos uma nova queda em 2024/25, levando a um déficit menor", afirmou Moda.
O déficit global no ano-safra anterior (2023/24) foi estimado pela consultoria em 4,1 milhões de sacas.
Os comentários foram feitos em momento em que o café do Brasil, maior produtor e exportador global, está sendo ameaçado por tarifas de importação de 50% do governo de Donald Trump. Na véspera, muitas mercadorias brasileiras ficaram isentas da tarifa maior, segundo anúncio do governo dos EUA, mas ainda não há acordo que isente o café.
De todo o café que os EUA importam, cerca de 30% vem do Brasil.
Além do Brasil, importantes países exportadores, como Vietnã e Indonésia terão taxas mais altas do que a situação anterior ao tarifaço, de 20% e 19%, respectivamente.
A demanda global em 2024/25 está estimada pela Hedgepoint em um cenário base em 177 milhões de toneladas, podendo cair para 175 milhões no caso de impacto das tarifas.
Segundo a analista, a indústria de café ainda tem esperanças de algum acordo global que isente o produto de tarifas, considerando que os EUA não são produtores do grão.
Mas, caso contrário, ela avalia que pode haver "um certo movimento de desespero" por parte dos torrefadores norte-americanos para adquirir o café, principalmente em cenário de oferta mais baixa em outras origens (que não o Brasil)".
No médio e longo prazos, ela avalia que a demanda nos EUA também pode ser afetada.
Segundo a analista, a eventual efetivação das tarifas pelos EUA levaria os exportadores do Brasil a priorizarem exportações para a Europa, também importante destino para o café brasileiro.
"Veríamos uma maior participação do Brasil na União Europeia, isso poderia favorecer o comércio entre Brasil e Europa", afirmou.
Do total que a Europa importou em 2024/25, cerca de 39% veio do Brasil, segundo dados apresentados.
Moda comentou ainda que os produtores brasileiros, que estavam mais retraídos no início do ano para realizar vendas antecipadas de café, diante de incertezas sobre o tamanho da safra, agora durante a colheita seguem sem grande interesse de comercializar diante das preocupações com o impacto das tarifas.
Essa situação acaba impactando as exportações do Brasil e pode colaborar para uma eventual sustentação dos preços, acrescentou a analista.
(Por Roberto Samora)