Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A safra de soja do Paraná 2022/23 foi estimada nesta quinta-feira em recorde de 22,17 milhões de toneladas, apontou o Departamento de Economia Rural (Deral), elevando a projeção em 1,3 milhão de toneladas na comparação com a expectativa divulgada no início do mês, com melhores produtividades diante das chuvas abundantes.
Com isso, a colheita no segundo produtor de soja do Brasil em 22/23 deverá aumentar 82% ante a safra passada, quando a seca atingiu as lavouras, segundo números do órgão da Secretaria de Agricultura do Paraná.
A produção paranaense é importante reforço nos números nacionais, que apontam patamares históricos de mais de 150 milhões de toneladas, e pode ficar próxima da safra total da Argentina, geralmente o terceiro produtor global, mas que deve ter reduzida a colheita em mais de 40% para níveis de 25 milhões de toneladas por conta da seca.
"Já a soja, a produtividade, no momento da colheita, está surpreendendo. Diante disso devemos colher mais de 22 milhões, a maior safra da história no Paraná", comentou o especialista do Deral Edmar Gervásio.
As chuvas que favoreceram o desenvolvimento da soja atrasaram os trabalhos de campo por outro lado, especialmente do plantio de milho, semeado logo após a colheita da oleaginosa, que atingiu 77% da área nesta semana.
O atraso levou muitos produtores a trocar o cereal pelo trigo, que assim deverá ter uma área plantada histórica. Mas isso motivou a redução na expectativa de plantio de milho.
"O milho segunda safra teve redução aproximada de 120 mil hectares, principalmente por não conseguir plantar dentro do período ideal. Possivelmente total ou parcial, isso deve migrar para o trigo", afirmou Gervásio, em referência aos maiores riscos climáticos que o produtor teria se plantasse o milho para colher no inverno.
O Estado havia semeado, até o início da semana, 93% da área até então projetada com milho. A migração para o trigo era vista como uma possibilidade reportada pela Reuters.
Com isso, o Deral reduziu a previsão de segunda safra de milho para 14,7 milhões de toneladas, versus 15,38 milhões anteriormente. O plantio deverá recuar 8% no Estado ante a temporada passada, para 2,5 milhões de hectares.
Apesar da área menor, produtividades mais altas vão garantir um aumento da segunda safra paranaense de 11% para o cereal, na comparação com o ciclo passado.
TRIGO RECORDE
Já o trigo, cujo plantio deve começar em breve, teve a safra estimada em máxima de 4,5 milhões de toneladas, alta de 32% ante temporada passada, com impulso de um aumento na área plantada de 13% ante o ano passado, para 1,36 milhão de hectares, segundo a primeira estimativa do departamento para a safra do cereal.
"Se confirmar esse número, o trigo terá recorde, mas gosto de falar em produção recorde mais pra frente, como é o caso da soja, já em colheita", disse o agrônomo Carlos Hugo Godinho, do Deral.
Segundo ele, a área plantada será a maior desde 1990, quando foram cultivados 1,8 milhão de hectares.
"Naquela época, as compras de trigo eram estatais, garantidas pelo governo, visando manter estoques e preços sob controle", lembrou Godinho.
"Desde então, a área dedicada ao cultivo de trigo tem se mantido em patamares mais baixos, mas os avanços tecnológicos têm permitido aumentar a produtividade", completou.
Enquanto na década de 90, a produtividade média do trigo no Estado não ultrapassava 2.000 kg/ha, nos últimos anos o potencial produtivo no Paraná supera 3.000 kg/ha, citou o agrônomo.
"Dessa forma, há possibilidade de se colher 4,5 milhões de toneladas em 2023, valor bastante acima do estimado inicialmente em 1990, que era de 3,4 milhões de toneladas."
Para que se colha uma safra cheia, os produtores precisam da ajuda do clima. "Como a janela de plantio é longa no Paraná, os produtores podem plantam áreas em épocas diferentes, visando diminuir o risco", acrescento boletim do Deral.