Por Josiane Kouagheu
IAUNDÉ (Reuters) - O presidente de Camarões, Paul Biya, conseguiu se reeleger com grande vantagem, disse o Tribunal Constitucional nesta segunda-feira, ampliando um período de 36 anos no poder em meio a alegações de fraude feitas pela oposição.
Sua vitória pode ser ofuscada por uma rebelião secessionista nas regiões noroeste e sudoeste anglófonas na qual centenas já morreram em combates entre o Exército e milícias, inclusive civis.
Ao 85 anos, Biya é o líder mais antigo da África subsaariana. A vitória lhe dá mais sete anos no poder e consolida seu lugar entre os governantes africanos a ficarem mais tempo no cargo. Muitos camaroneses só conheceram um presidente.
Ele obteve 71 por cento dos votos, mas candidatos oposicionistas disseram que a eleição foi maculada pela prática de vários votos por eleitor e pela intimidação. Na semana passada o Tribunal Constitucional rejeitou todas as 18 petições de denúncia de fraude.
Os resultados oficiais desta segunda-feira mostraram Biya vencendo com larga vantagem em nove de 10 regiões, e o anúncio de seu triunfo foi recebido com salvas e gritos na Assembleia Legislativa. Nas regiões sul e leste ele venceu com 90 por cento dos votos. Seu adversário mais próximo, Maurice Kamto, recebeu 14 por cento dos votos.
O anúncio veio após uma quinzena de tensão no país produtor de café e petróleo onde, apesar de um crescimento econômico constante acima de 4 por cento ao ano desde a última eleição, a maioria vive na pobreza. Kamto declarou sua própria vitória em 8 de outubro com base nos números de sua campanha.
Nos últimos dias a polícia reprimiu marchas da oposição na cidade portuária de Douala, onde Kamto é popular.