Por John Irish
PARIS (Reuters) - A Ucrânia ainda controla duas importantes usinas nucleares no sul do país, incluindo Zaporizhzhia, a maior da Europa, mas as forças russas estão se aproximando, disse o chefe interino da empresa nuclear estatal ucraniana Energoatom nesta quinta-feira.
Em entrevista à Reuters, Petro Kotin chamou a captura pela Rússia na semana passada da extinta usina nuclear de Chernobyl de "terrorismo nuclear". Ele disse que a Energoatom transferiu demandas para a agência de vigilância atômica da Organização das Nações Unidas (ONU), a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), na quinta-feira por meio de um documento de posição.
Kiev pediu à AIEA que reduzisse seu relacionamento com a Rússia e que a agência ajudasse a criar um perímetro de 30 quilômetros de usinas de energia para barrar as forças russas, bem como pressionar a aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para estabelecer uma zona de exclusão aérea sobre o país, segundo o documento visto pela Reuters.
A AIEA disse que está trabalhando com todos os lados para determinar de que maneira eficaz poderia fornecer assistência.
O conselho de diretores da AIEA aprovou na quinta-feira uma resolução criticando a Rússia por sua invasão da Ucrânia e pedindo que deixe a Ucrânia controlar todas as suas instalações nucleares, com apenas dois votos contra, disseram diplomatas.
Os Estados Unidos e seus aliados da Otan rejeitaram pedido da Ucrânia para impor uma zona de exclusão aérea sobre o país, argumentando que isso levaria a um confronto direto com a Rússia, que tem armas nucleares.
Kotin disse que tropas russas avançaram até 35 km da usina Zaporizhzhia e da usina Sul da Ucrânia e que tropas ucranianas e russas entraram em confronto na quarta-feira em Voznesenk, a cerca de 30 km de distância.
"Se a situação piorar, será impossível pensar no que acontecerá se eles começarem a bombardear. Eles simplesmente não sabem o que estão fazendo", disse Kotin, acrescentando que não acredita que os russos tenham recebido a ordem final para lançar um ataque às usinas.