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Engie Brasil foca em renováveis e segue busca por saída do carvão, diz CEO

Publicado 12.02.2021, 13:57
Atualizado 12.02.2021, 15:08
© Reuters. Logo da Engie fotografado em Courbevoie, França
EGIE3
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AZUL4
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Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - A Engie Brasil Energia (SA:EGIE3) da francesa Engie, manterá seu foco em geração renovável e transmissão de energia, prevendo entregar diversos projetos nos próximos anos, enquanto segue em busca de compradores para seus ativos em carvão, disseram executivos da empresa nesta sexta-feira.

Neste ano, a companhia deve iniciar as operações do complexo eólico Campo Largo II, ainda no primeiro trimestre, e dos projetos de transmissão Gralha Azul (SA:AZUL4) e Novo Estado, disse o presidente da elétrica, Eduardo Sattamini, em vídeo conferência com investidores e analistas após divulgação de resultados.

"Esperamos agora no final de maio, junho, já ter uma parte desse complexo de linhas e subestações gerando receita e operando para o sistema", afirmou ele, sobre Gralha Azul, no Paraná, que chegou a ter trechos paralisados por liminar após procuradores questionarem impactos ambientais do empreendimento.

O projeto Novo Estado, entre Pará e Tocantins, é previsto para operação a partir de dezembro.

A Engie também anunciou no início deste ano que construirá um novo complexo eólico, no Rio Grande do Norte, com 434 megawatts, sob o nome Santo Agostinho, que deve ser entregue em 2023. Agora, a companhia já trabalha por outros futuros empreendimentos na mesma região, disse Sattamini.

"Temos ainda alguma capacidade lá, no total 800 megawatts de capacidade instalada, e estamos desenvolvendo novas áreas lá, no complexo, próximas a Santo Agostinho, para que tenhamos também outro ´cluster´", explicou.

A companhia também está "periodicamente fazendo novas aquisições" de projetos solares para montar uma carteira que atenda seu apetite por expansão, disse o CEO.

A Engie prevê investir 3,5 bilhões de reais no país em 2021 e 1,6 bilhão em 2022, considerados projetos já anunciados.

Esses planos de aportes seguem inalterados apesar da crise do coronavírus. "Conseguimos navegar pela pandemia de uma forma relativamente confortável. Claro, tivemos perdas de volume junto a nossos clientes, renegociações, mas conseguimos segurar o impacto", afirmou Sattamini.

A empresa também mantém a intenção de deixar negócios com carvão no Brasil, uma missão iniciada há alguns anos.

Sattamini disse que a Engie deve retomar a busca por compradores para sua térmica Pampa Sul, no Rio Grande do Sul, ainda no primeiro trimestre, perseguindo fechar uma transação até o final de 2021 ou, no máximo, início de 2022.

Já para o complexo térmico à carvão de Jorge Lacerda, em Santa Catarina, a empresa segue em negociações com potenciais interessados, embora avalie também a possibilidade de desativar gradualmente a usina até 2025 caso não consiga fechar negócio.

"Estamos tentando fazer uma saída suave e responsável socialmente do carvão", afirmou ele.

"EXCESSO" DE RENOVÁVEIS

Apesar do foco em renováveis, a Engie não vai acelerar investimentos para entrar em uma atual "corrida" por novos projetos em vista no Brasil, disse o CEO.

Após a aprovação recente pelo Congresso da MP 998, subsídios atualmente concedidos para novas usinas renováveis só serão válidos para projetos que obtenham outorga nos próximos 12 meses, o que, segundo especialistas, aumentou fortemente o já elevado apetite por esses empreendimentos.

Sattamini disse que a Engie mira essas oportunidades, mas só avançará com projetos se conseguir vender antecipadamente uma parcela relevante da produção.

"Nós não sairemos tomando decisão de investir em novos projetos sem ter algum tipo de cobertura contratual, até porque se isso acontecer os preços vão cair demasiadamente", afirmou.

"A gente imagina que vá acontecer um excesso de oferta por causa dessa medida, mas os preços vão voltar à normalidade assim que esse excesso de oferta for consumido."

PODER DE FOGO

Após decisões recentes de reter parte dos lucros, a Engie Brasil tem cerca de 1,7 bilhão de reais em reservas, que em tese poderiam ser distribuídas aos acionistas a qualquer momento, a seu critério, disse o diretor financeiro, Marcelo Malta.

Esses recursos, no entanto, devem ser preferencialmente usados para novos empreendimentos ou aquisições, disse o CEO.

"À medida que nós não tenhamos projetos, ou que estejamos com endividamento muito baixo, é possível que a gente avalie sim uma distribuição adicional de dividendo... mas mantemos sempre o que chamamos de 'hedge room', um espaço para que a gente possa tomar decisões rápidas de investimento e volume", afirmou.

"Não tivemos ainda situações onde não tivemos oportunidades... a gente vive um momento de oportunidades."

© Reuters. Logo da Engie fotografado em Courbevoie, França

Questionado durante a conferência online, Sattamini admitiu que umas das oportunidades no radar envolve a privatização de ativos de geração e transmissão da estatal gaúcha CEEE.

"Não gostaria de responder isso, mas estamos olhando os processos. Vai depender da formatação e do momento", afirmou.

Os leilões dos ativos da CEEE devem ocorrer ainda em 2021.

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