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ENTREVISTA-Após investimentos, Frigol amplia venda de carne à China em mais de 7 vezes

Publicado 17.05.2018, 13:53
© Reuters.  ENTREVISTA-Após investimentos, Frigol amplia venda de carne à China em mais de 7 vezes
AZUL4
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Por José Roberto Gomes

SÃO PAULO (Reuters) - O Frigol, quarto maior frigorífico do Brasil, tem exportado recentemente cerca de 2 mil toneladas de carne bovina à China por mês, sete vezes acima da média mensal registrada em todo o ano de 2017, refletindo a maturação de investimentos e a maior demanda no país asiático.

Na mesma base de comparação, o faturamento da empresa com essas vendas aumentou para 9,5 milhões de dólares por mês, de 1,2 milhão de dólares obtidos mensalmente em 2017, disse à Reuters o CEO, Luciano Pascon, há três anos no cargo.

O Frigol opera quatro unidades de bovinos nos Estados de São Paulo, Goiás e Pará, mas apenas a de Lençóis Paulista (SP) está, desde 2016, apta a exportar carne bovina à China.

Trata-se de um mercado que responde por mais de 50 por cento de todas as vendas externas da empresa, as quais atingem 60 países em todos os continentes.

"Investimos 10 milhões de reais em Lençóis Paulista no último um ano e meio, em infraestrutura, com um túnel de congelamento, mais câmaras de estocagem e melhoria de processos e controles", destacou Pascon.

"Nossa estratégia está funcionamento muito bem, como demonstra esse consistente aumento das exportações."

A planta de Lençóis Paulista abate atualmente em torno de 14 mil animais e produz 2,7 mil toneladas de carne desossada por mês. Além desta, o Frigol também trabalha para que a unidade de Água Azul (SA:AZUL4) do Norte (PA) receba o sinal verde da China para exportação.

O gigante asiático é um mercado ainda com pouca abertura à carne bovina brasileira, com apenas 16 plantas autorizadas a exportar para lá, segundo o Frigol.

O Ministério da Agricultura vem trabalhando para ampliar o mercado. Na terça-feira, a pasta informou que uma missão técnica chinesa virá ao Brasil inspecionar até 84 estabelecimentos que poderiam ser habilitados posteriormente a vender carne à China.

Nos últimos anos, mudanças de hábitos alimentares têm elevado o consumo de carne na China, e as exportações do Brasil, maior exportador global, refletem isso.

Os embarques nacionais de carne bovina in natura à nação asiática saíram de quase zero em 2014 para 211 mil toneladas em 2017 e já somam quase 70 mil toneladas até março de 2018, segundo dados do governo.

CARNE SUÍNA

Pascon afirmou, sem abrir cifras, que há investimentos em curso na unidade de Lençóis Paulista para a ampliação da capacidade de produção de carne suína, produto que está na "origem" da empresa de quase 50 anos.

"Não é o volume representativo da companhia, mas desde 2016 a gente vem com várias obras. Estamos programando para o segundo semestre um abate de 800 suínos por dia, de 400 hoje em dia", afirmou o CEO --no caso de bovinos, são 3 mil por dia.

É em meio a esse cenário que o CEO viu com bons olhos a abertura do mercado sul-coreano à carne suína do Brasil, confirmada mais cedo pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi.

"A Coreia do Sul, além de ser um grande mercado, é uma referência em questão de qualidade e rigor sanitário", comentou.

Com faturamento de 1,5 bilhão de reais em 2017 e previsão de 1,6 bilhão em 2018, o Frigol tem capacidade de produção de 12 mil toneladas de carnes por mês, considerando-se todas as unidades em operação.

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