Commodity sobe em reflexo da interrupção em parte da oferta do Canadá diante de uma série de incêndios gigantescos no país (Haidar Mohammed Ali/AFP)
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Apito incial
A alta nos preços do petróleo e iniciativa do governo chinês para estimular as exportações repercutem no mercado financeiro no início de semana decisiva na política brasileira. A votação do afastamento da presidente Dilma Rousseff por até 180 dias deve ir a plenário no Senado na quarta-feira (11).
Até lá as atenções permanecem voltadas na estratégia do vice-presidente Michel Temer (PMDB) para formar a equipe de provável governo. A ideia de cortar o número de ministérios foi retomada, segundo apuração da Folha de S.Paulo.
Ele havia recuado à medida que dirigentes partidários apresentaram nomes para ocupar cargos em troca de apoio no Congresso, o que foi criticado por aliados que afirmavam que Temer estava repetindo os mesmos erros de Dilma. O Valor Econômico relata que com o afastamento de Eduardo Cunha, Temer se convenceu de que a “agenda das ruas” se fortaleceu. As conversas apontavam para 31 ministérios, apenas dois a menos que o atual, mas o número deve cair para cerca de 25 pastas.
Também de acordo com a Folha, Temer ainda não decidiu quem irá comandar a Petrobras (SA:PETR4) em sua eventual gestão, mas o nome de Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura, é cotado.
Por falar em petróleo, no cenário internacional, as cotações da commodity avançam em Londres e Nova York nesta segunda-feira (9) ainda em reflexo da interrupção em parte da oferta do Canadá diante do incêndio mais destrutivo da história recente do país, na cidade de Fort McMurray.
O comportamento dos preços impulsiona ações de petrolíferas europeias e norte-americanas. Por outro lado, as mineradoras recuam por conta do tombo nas cotações do minério de ferro. Dados do comércio da China de abril deram um banho de água fria nas esperanças dos investidores de uma recuperação econômica sustentada, com queda maior que a esperada tanto das importações quanto das exportações.
Em contrapartida, o Conselho Estatal da China, como é conhecido o gabinete do país, anunciou uma série de medidas para fortalecer o setor, envolvendo reservas bancárias, taxas de juros e reempréstimos, de forma a encorajar os bancos a ampliar o crédito para pequenas exportadoras.
O Banco Central não anunciou intervenção no mercado de câmbio para a sessão desta segunda-feira. Na semana passada, o dólar acumulou alta de 1,83%, encerrando no patamar de R$ 3,50. O mercado alimenta expectativas de que os juros nos Estados Unidos vão demorar mais para subir diante da divulgação de dados ruins sobre o mercado de trabalho na maior economia do mundo.
O poder e a economia
Menos é mais - A ideia de cortar o número de ministérios em um eventual governo foi retomada pelo vice-presidente Michel Temer. Ele havia recuado à medida que dirigentes partidários apresentaram nomes para ocupar cargos em troca de apoio no Congresso, o que foi criticado por aliados que afirmavam que Temer estava repetindo os mesmos erros da presidente Dilma Rousseff, segundo o jornal Folha de S.Paulo. Já o Valor Econômico diz que com o afastamento de Eduardo Cunha, Temer se convenceu de que a “agenda das ruas” se fortaleceu. As conversas apontavam para 31 ministérios, apenas dois a menos que o atual, mas o número de cair para cerca de 25 pastas.
É golpe - Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o vice-presidente Michel Temer tem um nome para o comando da Petrobras, atualmente comandada por Aldemir Bendine. Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura estaria sendo cotado. Para os bancos, a chefia da Caixa Econômica Federal deve ficar com Gilberto Occhi, que foi indicado pelo PP. Já para o Banco do Brasil (SA:BBAS3), Temer gostaria de ter um nome sem ligação partidária.
Votações - A semana começará cheia no Senado, com votações importantes sobre duas cassações de mandato. Os senadores se debruçarão sobre a análise da admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff – que, se for aceita, implicará no afastamento imediato dela do cargo – e da cassação do mandato do senador Delcídio do Amaral (Sem Partido-MS).
PMDB - A força-tarefa da operação Lava Jato trabalha para ampliar as provas de repasses a políticos do PMDB a partir de dados de contas e offshores (empresas no exterior) de operadores de propinas, afirma o jornal o Estado de S.Paulo na edição deste domingo (8).
Mantega - Para negociar sua delação premiada à Lava Jato, Marcelo Odebrecht teria dito a procuradores que o ex-ministro da Fazendo Guido Mantega e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, eram os responsáveis por cobrar doação para a campanha de reeleição de Dilma Rousseff em 2014 entre empresários que tinham financiamento do banco de fomento para projetos no exterior. A informação é do jornal Folha de S. Paulo.
Agricultura - O senador Blairo Maggi (PR) disse neste sábado (7) que foi convidado pelo PP para ser o ministro da Agricultura num governo comandado pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB) e aceitou a "missão".
Investigação - A senadora Gleisi Hoffmann (PT) e o marido dela, o ex-ministro do Planejamento e das Comunicações Paulo Bernardo, foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República ao STF (Supremo Tribunal Federal) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, segundo informações na mídia neste sábado (7).
Direitos de Cunha – A Mesa Diretora da Câmara marcou está segunda-feira (9) a definição sobre o ato que determinará quais direitos o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afastado por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) deverá ter durante o período do seu afastamento, no que tange salário, residência oficial, seguranças e carros. A intenção da mesa é fazer uma analogia com os direitos proporcionais que a presidente Dilma Rousseff deverá ter, caso o Senado decida pelo seu afastamento na próxima quarta-feira (11).
Homem bomba – A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado vota o relatório pela cassação do senador Delcídio do Amaral.
Economia – O Banco Central apresenta o Boletim Regional, às 10h, em Belém (PA). O diretor de Política Econômica, Altamir Lopes, concede entrevista coletiva na sequência.
Na gringa – Já Tony Volpon, diretor de Assuntos Internacionais, participa de reuniões diversas por ocasião da Reunião Bimestral de Presidentes de Bancos Centrais do Banco de Compensações Internacionais (BIS), em Basileia, Suíça, representando o presidente da autoridade, Alexandre Tombini.
Democracia na pauta – A Comissão Senado do Futuro promove audiência pública sobre o futuro da democracia. Foram convidados o secretário-geral do Senado, Luiz Fernando Bandeira; o secretário-geral da Câmara dos Deputados, Sílvio Avelino da Silva; o professor da UnB Lucio Remuzat Rennó, e o cientista político Murillo de Aragão.
O que acontece no mundo corporativo
Em queda - A Caixa Econômica Federal anunciou nesta segunda-feira (9) que teve lucro líquido de R$ 838 milhões no primeiro trimestre, uma queda de 45,9% ante a mesma etapa de 2015.
Petrobras - O vice-presidente Michel Temer ainda não decidiu quem irá comandar a Petrobras em seu eventual governo, mas o nome de Adriano Pires é cotado. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.
Fusão - A baixa sobreposição entre os negócios de BM&FBovespa (SA:BVMF3) e Cetip deve evitar entraves para a fusão das empresas por parte do Conselho Administrativo de Defesa Econômico (Cade). Um questionamento poderia surgir do argumento de que a fusão prejudicaria uma "competição potencial", mas esse raciocínio precisa ter sólido amparo para vingar.
Travado - A Caixa Econômica Federal já teria informado ao BTG Pactual (SA:BBTG11) que vai exercer seu direito de "tag along" na venda da fatia do banco na Pan Seguros para a francesa CNP, segundo apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
Trabalho de formiga - Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza (SA:MGLU3), explicou a O Financista como a empresa gerou resultados melhores que os esperados no primeiro trimestre: “foi feito um trabalho muito minucioso, olhando mercado a mercado, loja a loja, categoria por categoria, para identificar a melhor oportunidade para ganhar espaço.”
No chinelo - A Alpargatas (SA:ALPA4), dona da marca Havaianas, encerrou o primeiro trimestre com lucro líquido de R$ 118,4 milhões, marcando um crescimento de 15,3% sobre o mesmo período do ano passado. A cifra desconsidera os resultados gerados pelas marcas Topper e Rainha, cuja venda foi anunciada em novembro do ano passado, mas concluída apenas em maio.
Papel-moeda - A Suzano (SA:SUZB5) confirmou aumento no preço da celulose branqueada de eucalipto vendida para clientes na Ásia para US$ 540, com efeito imediato. A informação foi antecipada pela RISI, serviço de informações especializado do setor de papel e celulose, conforme divulgaram analistas do Credit Suisse e Itaú (SA:ITSA4) BBA em notas a clientes.
Comprar ou vender?
Invista com moderação - A equipe de análise do JPMorgan cortou a recomendação para as ações da Ambev (SA:ABEV3) de compra para neutro (equivalente a manutenção). Segundo o banco, o momento é de trocar os papeis da cervejaria por “empresas de beta mais alto como Renner e Raia”. Traduzindo: aquelas com maior potencial de amplificar oscilações da Bolsa.
Já estava programado - A Bradesco (SA:BBDC4) Corretora revisou as estimativas para a ação da empresa de software Totvs (SA:TOTS3) após a divulgação de resultados do primeiro trimestre. A recomendação permanece neutra, e o preço-alvo foi cortado para R$ 34 ante R$ 35 por ação. O lucro líquido da companhia caiu 39% na base anual, para R$ 50 milhões. No entanto, ficou 3% acima do esperado.
É osso - O BTG Pactual cortou o preço-alvo para as ações do frigorífico Minerva (SA:BEEF3) de R$ 18 para R$ 16 nos próximos 12 meses, com recomendação de compra, depois de um encontro com a direção da empresa e a divulgação de resultados negativos no primeiro trimestre de 2016.
Para comentar mais tarde
Nesse ritmo, Dilma já perdeu a chance de voltar após afastamento. Que a presidente Dilma Rousseff será afastada por até 180 dias, até ela mesma já admitiu. Mas, nesse ritmo, a votação da próxima semana pode confirmar algo muito mais amargo: a petista já não contaria nem mesmo com os 27 senadores (um terço do plenário) necessários para garantir que retorne ao poder, após seu afastamento temporário. É o que mostra o placar da aprovação do parecer do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), nesta sexta-feira (6). Leia mais na reportagem de Márcio Juliboni, de O Financista.