Por Steve Holland e Roberta Rampton
WASHINGTON (Reuters) - Washington aumentou a pressão contra o presidente de esquerda da Venezuela, Nicolás Maduro, nesta quinta-feira, com novas medidas que visam interromper as exportações de ouro do país sul-americano, disse o conselheiro de Segurança Nacional norte-americano, John Bolton.
Bolton prometeu uma postura rígida do governo do presidente Donald Trump com "ditadores e déspotas perto de nossas praias" e citou Venezuela, Cuba e Nicarágua durante um discurso que fez em Miami, que abriga uma grande quantidade de imigrantes cubanos e venezuelanos.
Ele discursou dias antes das eleições da semana que vem, que no caso da Flórida envolvem disputas acirradas por um assento no Senado e pelo governo estadual. Seus comentários devem ser bem recebidos pelos cubano-norte-americanos e outros hispânicos do Estado que defendem uma pressão maior dos Estados Unidos contra o governo comunista de Cuba e outros governos de esquerda da América Latina.
Nos comentários que preparou para seu discurso, Bolton disse que Trump assinou um decreto proibindo cidadãos dos EUA de negociarem com entidades e indivíduos envolvidos nas vendas "corruptas ou enganosas" de ouro da Venezuela.
"Muitos de vocês na plateia hoje sofreram em pessoa horrores indizíveis nas mãos dos regimes de Cuba, Venezuela e Nicarágua para sobreviverem, reagirem, conquistarem e superarem", disse Bolton.
"A troica da tirania neste hemisfério – Cuba, Venezuela e Nicarágua – finalmente encontrou alguém à altura".
Bolton falou na Torre da Liberdade – um edifício onde refugiados cubanos foram acolhidos nos anos 1960 na esteira da revolução de Fidel Castro – um dia depois de Trump fazer campanha para candidatos republicanos envolvidos em corridas disputadas para o Senado e o governo estadual na Flórida.
A Flórida é tradicionalmente um Estado pêndulo, e o ex-presidente Barack Obama deve ir a Miami na sexta-feira para estimular os democratas.
Se Obama tentou superar décadas de hostilidade entre Washington e Havana, Trump adotou uma atitude mais dura com Cuba. Ele revogou partes das iniciativas de reaproximação levadas a cabo por seu antecessor em 2014 ao endurecer as regras para os norte-americanos que viajam para a ilha caribenha e restringir a atuação de empresas dos EUA no vizinho.
Quase dois milhões de venezuelanos fugiram de seu país desde 2015 por causa da escassez de alimentos e remédios, a hiperinflação e os crimes violentos, e milhares rumaram para o sul da Flórida.
Maduro, que nega limitar as liberdades políticas, diz ser vítima de uma "guerra econômica" comandada por adversários apoiados pelos EUA.
(Reportagem adicional de Matt Spetalnick, Humeyra Pamuk e Michelle Nichols)