Por Jeff Mason e Valerie Volcovici
WASHINGTON (Reuters) - O governo Biden prometeu nesta quinta-feira cortar as emissões de gases de efeito estufa dos Estados Unidos pela metade até 2030, uma nova meta com a qual espera induzir outros grandes emissores a mostrarem mais ambição no combate à mudança climática.
Os EUA, que como poluidores mundiais só perdem para a China, tentam reassumir a liderança global da luta contra o aquecimento global depois de o ex-presidente Donald Trump afastar o país dos esforços internacionais para cortar emissões. O presidente Joe Biden revelou a meta de reduzir as emissões em 50%-52% em comparação com os níveis de 2005 no início da cúpula climática virtual de dois dias.
"Esta é a década em que precisamos tomar decisões que evitarão as piores consequências da crise climática", disse Biden na Casa Branca.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse que a nova meta dos EUA "muda o jogo".
O Japão elevou sua meta e visará cortar as emissões em 46% até 2030, reagindo à diplomacia norte-americana, empresas nacionais e ambientalistas, que queriam objetivos ainda mais elevados.
O premiê do Canadá, Justin Trudeau, também anunciou um corte de emissões de 40%-45% até 2030 abaixo dos níveis de 2005.
A meta climática dos EUA também assinala um marco importante no plano mais abrangente de Biden de descarbonizar a economia dos EUA inteiramente até 2050 – uma pauta que ele diz que pode criar milhões de empregos bem remunerados, mas que muitos republicanos dizem temer que prejudicará a economia.
Os cortes de emissões devem vir de usinas de energia, automóveis e outros setores econômicos, mas a Casa Branca não estabeleceu metas individuais para estes setores. A meta quase dobra a promessa de corte de emissões de 26-28% até 2025 abaixo dos níveis de 2005 do ex-presidente Barack Obama. Metas específicas para os setores serão delineadas mais tarde neste ano.
Como os EUA pretendem atingir suas metas climáticas será crucial para consolidar sua credibilidade na luta contra o aquecimento global em meio a preocupações internacionais de que o comprometimento norte-americano com uma economia de energia limpa possa mudar drasticamente de um governo para outro.
O plano de infraestrutura de 2 trilhões de dólares apresentado recentemente por Biden contêm numerosas medidas que podem gerar alguns dos cortes de emissões necessários nesta década, como um padrão de energia limpa para zerar as emissões no setor elétrico até 2035 e ações para eletrificar a frota de veículos.
Mas as medidas precisam ser aprovadas pelo Congresso para se tornarem realidade.
Biden se dedicou a restaurar a liderança climática dos EUA durante a campanha e nos primeiros dias de sua presidência, já que o republicano Trump, um cético da mudança climática, retirou o país do Acordo de Paris contra o aquecimento global.
O novo governo também sofre grande pressão de grupos ambientalistas, alguns líderes corporativos, do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e de governos estrangeiros para estabelecer a meta de cortar emissões em ao menos 50% nesta década para incentivar outros países a delinearem suas próprias metas de emissões ambiciosas.
A cúpula contou com a participação de líderes dos maiores emissores do planeta, incluindo a China.
Os líderes mundiais almejam limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais, um limiar que cientistas dizem poder evitar os piores impactos da mudança climática.
Uma autoridade do governo Biden disse que, com a nova meta dos EUA, compromissos aprimorados do Japão e do Canadá e metas anteriores da União Europeia e do Reino Unido, países que respondem por mais da metade da economia mundial agora estão comprometidos com reduções para atingir a meta de 1,5 grau Celsius.
"Quando encerrarmos esta cúpula na sexta-feira, comunicaremos indubitavelmente... que os EUA voltaram", disse o funcionário.