Por Humeyra Pamuk e Matt Spetalnick e Dave Graham
LOS ANGELES (Reuters) - O governo do presidente norte-americano Joe Biden revelou uma nova proposta de parceria econômica dos Estados Unidos com a América Latina nesta quarta-feira, enquanto os líderes regionais se reúnem em uma cúpula sediada nos EUA e que gerou discórdia já na lista de convidados.
Buscando se contrapor à esfera de influência crescente da China, uma autoridade sênior do governo norte-americano disse que Biden está oferecendo aos vizinhos dos Estados Unidos no sul uma alternativa que pede um engajamento maior do país, incluindo aumento de investimento, fortalecimento de linhas de fornecimento e a evolução de acordos comerciais já existentes.
No entanto, a "Parceria das Américas para a Prosperidade Econômica" de Biden, que ainda parece ser um trabalho em desenvolvimento, não chega a oferecer reduções de tarifas, e, de acordo com a autoridade norte-americana, irá focar inicialmente em "parceiros de opiniões parecidas" que já tenham acordos comerciais com os EUA. O início das negociações deve acontecer a partir do final de setembro, acrescentou a autoridade.
Biden deve detalhar seu plano em um discurso mais tarde na quarta-feira para inaugurar formalmente a cúpula, que foi concebida originalmente como uma plataforma para demonstrar a liderança dos EUA na retomada de economias latino-americanas e no enfrentamento das pressões migratórias.
Autoridades dos EUA esperam que a Cúpula das Américas em Los Angeles e uma reunião paralela de importantes executivos possam abrir caminho para uma maior cooperação econômica na região, à medida que os países trabalham, em meio à alta na inflação, para aproximar as cadeias de suprimentos.
"É muito melhor para nós... ter uma cadeia de suprimentos aqui nas Américas do que depender de uma cadeia de suprimentos que vem da China", disse o embaixador dos EUA no México, Ken Salazar, à Reuters durante a cúpula.
Biden busca pressionar os objetivos competitivos de seu governo contra a China com o lançamento de uma nova parceria para a região, afirmou a autoridade norte-americana.
Washington, que já tem um acordo conjunto com o Canadá e o México, um outro coletivo com países da América Central, e uma série de pactos bilaterais na região, irá tentar desenvolver novos padrões paras áreas alfandegária, de comércio digital, e de responsabilidade ambiental e corporativa, de acordo com a autoridade.
O governo Biden classificou a cúpula como uma oportunidade para os Estados Unidos reafirmarem seu compromisso com a América Latina após anos de negligência comparativa sob seu antecessor republicano, Donald Trump.
Mas as tensões têm permeado os preparativos.
As rachaduras diplomáticas se abriram esta semana quando Washington optou por não convidar Cuba, Venezuela e Nicarágua, argumentando que seu histórico em direitos humanos e democracia tornava isso impossível.
Rejeitado em sua exigência de que todos os países fossem convidados, o presidente do México disse que ficaria fora, desviando a atenção dos objetivos de Biden e para as divisões regionais.
Os líderes de Guatemala e Honduras, dois dos países que mais enviam imigrantes para os EUA, também disseram que não iriam, prejudicando os esforços de autoridades de Biden para elaborar uma "declaração" sobre planos conjuntos para enfrentar o fenômeno.
Ainda assim, estarão presentes líderes de mais de 20 países da região, inclusive do Canadá, Brasil e Argentina, segundo os organizadores.
(Reportagem de Dave Graham, Humeyra Pamuk e Matt Spetalnick)