Por Nidhi Verma
NOVA DÉLHI (Reuters) - A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) está reduzindo sua estimativa para a demanda por petróleo em 2019 devido à economia global em desaceleração em meio à guerra comercial entre Estados Unidos e China, disse o diretor executivo da entidade nesta quinta-feira.
A IEA está revisando sua previsão de crescimento da demanda global por petróleo em 2019 para 1,1 milhão de barris por dia (bpd), e pode cortá-la novamente se a economia mundial --e especialmente a China-- demonstrar mais fraquezas, afirmou Fatih Birol.
No ano passado, a IEA projetou que a demanda por petróleo cresceria em 1,5 milhão de bpd em 2019, mas cortou a estimativa de crescimento para 1,2 milhão de bpd em junho deste ano.
"A China está passando por seu crescimento econômico mais lento nas últimas três décadas, assim como algumas das economias desenvolvidas... Se a economia global se sair ainda pior do que imaginamos, podemos até mesmo revisar nossos números mais uma vez nos próximos meses", disse Birol em entrevista à Reuters.
Ele disse que a demanda pela commodity foi afetada pela guerra comercial entre EUA e China em um momento em que os mercados estão repletos de petróleo, devido à crescente produção norte-americana de "shale" (petróleo não convencional).
A produção petrolífera dos EUA deve crescer em 1,8 milhão de bpd em 2019, abaixo do avanço de 2,2 milhões de bpd registrado em 2018, disse Birol, acrescentando que "esses volumes chegarão a um mercado em que a demanda está caindo".
Ele afirmou que a IEA está preocupada com as crescentes tensões no Oriente Médio, particularmente ao redor do Estreito de Hormuz, uma importante rota comercial que liga os produtores do Golfo aos mercados em Ásia, Europa, América do Norte e outros.
"Estamos nos mantendo atentos ao que acontece lá. E se algo acontecer, estamos prontos para agir rápida e decisivamente", disse ele.
Com as tensões, importantes produtores estão buscando rotas alternativas. O Iraque, por exemplo, planeja exportar mais petróleo ao porto turco de Ceyhan e construir novos oleodutos para entregar petróleo a portos na Síria, Líbano e Arábia Saudita.
"No curto prazo, o efeito dessas opções não é tão grande. Devemos pensar em opções e trabalhá-las. Elas não trarão uma grande mudança aos mercados atuais, mas serão úteis no médio e longo prazo", afirmou Birol.
Ele vê os valores do petróleo em cerca de 65 dólares por barril, precificados em tensões relacionadas a Irã, Líbia e Venezuela, bem como em preocupações a respeito do conflito comercial EUA-China.
Birol afirmou que não espera um grande salto nos preços, pois ainda "há muito petróleo, e isso é principalmente graças à revolução do 'shale' nos EUA".
(Reportagem de Nidhi Verma)