SÃO PAULO (Reuters) - Com um clima favorável, o centro-sul do Brasil deverá ter uma safra recorde de cana e uma produção histórica de etanol em 2016/17, voltando também a registrar volumes de açúcar próximos dos maiores patamares já vistos, projetou nesta terça-feira a consultoria INTL FCStone, em sua primeira projeção para a nova temporada.
A produção de açúcar deverá subir 10,8 por cento ante 2015/16 e atingir 34 milhões de toneladas na região, que responde por cerca de 90 por cento da produção canavieira nacional.
"Com a alta do dólar e a recuperação nas cotações do açúcar na bolsa de Nova York a partir de setembro passado, o preço do adoçante no mercado internacional (transformado em reais) subiu mais de 40 por cento nos últimos meses em relação ao mesmo período no ano anterior, o que levou muitas usinas a fixarem quantidades maiores das exportações do produto", disse em nota o analista da consultoria João Paulo Botelho.
Caso seja confirmada, a produção de açúcar ficará muito perto do recorde de 34,3 milhões de toneladas registrado em 2013/14, conforme dados históricos da Unica.
Segundo ele, a destinação de cana para a fabricação de açúcar só não será maior porque parte significativa das usinas ainda está em condição financeira desfavorável, o que deve continuar incentivando a venda de etanol hidratado, que oferece remuneração mais rápida.
A produção de etanol hidratado, usado diretamente nos tanques dos automóveis flex, deverá subir 4,5 por cento, para 17,6 bilhões de litros na nova temporada.
A FCStone destacou que o consumo de combustíveis irá ficar praticamente estável no país este ano.
"Com isso, o maior volume de hidratado deve deslocar parte da demanda por gasolina C (com mistura) e, portanto, reduzir a procura por anidro", afirmou Botelho.
A consultoria projetou queda de 1,6 por cento na produção de etanol anidro (misturado à gasolina), que deverá atingir 10,4 bilhões de litros.
A produção total do biocombustível foi estimada em um recorde 28 bilhões de litros, alta anual de 2,1 por cento.
A moagem de cana do centro-sul do Brasil deve subir 3,2 por cento na safra 2016/17, para 619 milhões de toneladas.
"Esperamos que neste ano o clima seja melhor para a moagem, com menos paradas durante a safra, principalmente porque os meteorologistas projetam o fim do El Niño ao longo do primeiro semestre", disse Botelho.
A FCStone disse que deverá haver melhora na concentração de açúcares, também devido ao clima relativamente mais seco.
A concentração de açúcares recuperáveis (ATR) deverá atingir 134,8 kg por tonelada de cana em 2016/17, alta de 2,6 por centoda safra anterior, mas ainda assim 1,5 por cento abaixo da média das cinco temporadas anteriores.
(Por Gustavo Bonato)