SÃO PAULO (Reuters) - A gasolina vendida às distribuidoras no Brasil está mais barata do que o combustível fóssil internacional entregue no mercado brasileiro e, caso a Petrobras (SA:PETR4) decida cortar preços, será uma medida "populista", afirmou nesta segunda-feira a jornalistas o presidente da consultoria Datagro, Plinio Nastari.
Cálculos da consultoria indicam que o preço da gasolina vendida em refinarias brasileiras está 5,1 por cento abaixo do valor para trazer o combustível ao país, considerando frete marítimo e terrestre, além de seguros e custo de descarregamento.
"Esse é o custo real na opinião da Datagro", disse Nastari, apontando que não há motivos mercadológicos para um corte de preços no combustível fóssil.
"Não há justificativa para uma redução nos preços da gasolina neste momento", afirmou Nastari, presidente da consultoria especializada no mercado de açúcar e etanol. "Seria uma medida populista."
Desconsiderando os custos e o frete, o valor da gasolina no Brasil ainda teria um prêmio de mais de 15 por cento ante a cotação no mercado internacional.
Os comentários vieram após informação de que a Petrobras poderia anunciar nesta segunda-feira uma redução dos preços da gasolina e do diesel, segundo publicação, no domingo, do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
Um corte nos preços patrocinado pelo governo federal, sócio majoritário da Petrobras, poderia ajudar na criação de uma agenda positiva, com a redução de pressões inflacionárias, diante das dificuldades políticas.
Nesta segunda-feira, duas fontes afirmaram à Reuters que a redução dos preços dos combustíveis no Brasil é um assunto em discussão na Petrobras, mas uma decisão não é iminente.
"A possibilidade de redução neste momento não está em discussão, mas esse é um assunto que a gente está sempre avaliando. Não está em discussão na mesa redução de preço agora, de imediato", disse à Reuters uma das fontes, na condição de anonimato para falar sobre o assunto.
Uma vez que a gasolina concorre com o etanol no mercado brasileiro, e que as usinas de cana usam a mesma matéria-prima para produzir açúcar, o preço do adoçante no mercado internacional sofreu influência das notícias, registrando uma queda de mais de 3 por cento.
A Bovespa fechou em queda nesta segunda-feira, pressionada particularmente pelo tombo das ações da Petrobras, na esteira de notícias sobre eventual redução nos preços de combustíveis pela estatal e do recuo das cotações do petróleo no exterior.
Já a ação da Cosan fechou em baixa de 7,82 por cento, maior declínio percentual diário desde agosto de 2011, uma vez que ações do setor de açúcar e etanol sofreriam um impacto negativo com eventual queda nos preços de gasolina e diesel.
(Por Reese Ewing)