SÃO PAULO (Reuters) - Com uma safra de cana menor do que a esperada no centro-sul e usinas produzindo um volume recorde de açúcar, a Job Economia reduziu nesta quinta-feira suas estimativas de produção, consumo e exportação de etanol do Brasil.
Com os preços da gasolina mais competitivos que o etanol hidratado, motoristas em geral estão preferindo o combustível fóssil em detrimento do renovável. De outro lado, usinas estão produzindo o máximo que podem de açúcar, para tirar proveito dos bons preços no mercado global.
A produção de etanol do país foi projetada pela Job na temporada 2016/17 em 27,85 bilhões de litros, ante 29,15 bilhões de litros na projeção de setembro, com o centro-sul do país respondendo pela grande parte do volume. Na temporada passada, a produção no Brasil atingiu 30,23 bilhões de litros.
Já a projeção de consumo nacional de etanol (anidro e hidratado) na temporada 2016/17 foi reduzida para 26,6 bilhões de litros, ante 28 bilhões de litros previamente, por "restrição da oferta", disse a consultoria em nota. Na safra anterior, o consumo atingiu 28,15 bilhões de litros.
Dessa forma, a Job revisou para baixo as exportações brasileiras de etanol (para 1,6 bilhão de litros, versus 2,1 bilhões de litros anteriormente) e elevou ligeiramente a projeção de importações do biocombustível (para 1,2 bilhão, versus 1,1 bilhão de litros).
Na temporada passada, o Brasil exportou 2,16 bilhões de litros e importou 500 milhões de litros.
As mudanças nas projeções ocorrem em meio a uma redução na estimativa de moagem de cana-de-açúcar do centro-sul do Brasil, região que responde por cerca de 90 por cento da produção nacional, para 618,4 milhões de toneladas, ante 632 milhões de toneladas na previsão anterior.
Segundo a consultoria, a redução ocorre por "razões estatísticas", uma vez que cerca de 14 milhões de toneladas de cana da safra 2016/17 foi moída na segunda quinzena de março de 2016 e contabilizada na safra 2015/16.
Além disso, citou a Job, a renovação dos canaviais e tratos culturais ainda estão deficientes e pragas e doenças afetaram as produtividades.
Apesar da redução, a safra do centro-sul ainda será recorde, o que permitirá que o país produza e exporte volumes recordes do adoçante.
"Aumentamos a produção de açúcar no CSUL em relação a nossa última previsão de 35,0 mi t para 35,6 mi t devido ao forte viés açucareiro da safra. No Brasil, a produção de açúcar deve alcançar 39,3 mi t. As exportações de açúcar podem atingir 27,7 mi t no Brasil. Tudo isto é recorde histórico absoluto", afirmou.
Nesta quinta-feira, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) estimou um déficit global de açúcar menor em 2016/17 ante a safra anterior, e citou a maior produção brasileira como fator que ajuda a compensar a menor safra em outras nações e também o consumo global recorde.
(Por Roberto Samora)