RIO DE JANEIRO (Reuters) - O governo federal estuda dar autorização para que empresas privadas possam investir na construção de usinas nucleares no Brasil, mas mantendo a operação sob controle estatal, afirmou o assessor técnico da diretoria de planejamento, gestão e meio ambiente da Eletronuclear, Roberto Travassos."Estamos avaliando a participação do setor privado nos investimentos e essa é uma tendência bastante possível", afirmou ele ao lembrar que por força de lei a estatal teria que ser obrigatoriamente a operadora das novas centrais.
Pelo modelo atual, a Eletronuclear, do grupo Eletrobras, opera as duas usinas atômicas de Angra dos Reis (RJ) e é responsável por contratar as empresas e fornecedores de equipamento e serviços.
A eventual autorização poderia agilizar investimentos e a entrada de operação de futuras usinas.
O Plano Nacional de Energia (PNE) 2030 prevê mais quatro usinas nucleares no país, mas o Ministério de Minas e Energia já fala em oito centrais novas no Brasil. "Trabalhamos com essa perspectiva para a expansão nuclear", disse Travassos.
A Eletronuclear tem 40 áreas pré-selecionadas para receber as novas plantas e aguarda o sinal verde do governo federal para avançar no plano.
O PNE previa que as primeiras centrais poderiam ser erguidas no Nordeste, mas de acordo com Travassos estudos internos apontam um melhor aproveitamento na região Sudeste.
"O nosso planejamento é ter ao menos quatro usinas nucleares num mesmo local. Com isso, se ganha em escala, gerenciamento, tem menor custo de construção e outras vantagens", adicionou ele durante evento promovido pela FGV Energia.
Além das duas centrais atômicas em Angra dos Reis, o país está construindo uma terceira usina, com previsão de conclusão da obra em dezembro de 2018.
(Por Rodrigo Viga Gaier)