RIO DE JANEIRO (Reuters) - O governo está trabalhando com a Eletronuclear para reduzir a tarifa da energia do projeto da usina Angra 3 para um valor inferior a 650 reais por megawatt-hora (MWh), disse o presidente da estatal nuclear, Raul Lycurgo.
Segundo o executivo, estimativas realizadas em 2018 apontavam para uma tarifa de energia do projeto na casa de 480 reais por MWh, valor que com a correção inflacionária ficaria hoje entre 650 reais e 750 reais por MWh.
"Mas estamos trabalhando para conseguir um valor inferior a isso através de uma estruturação financeira mais eficiente para que isso possa representar uma tarifa menor para consumidor", afirmou Lycurgo a jornalistas em evento no Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro.
"Acho que teremos uma surpresa boa para tarifa; trabalhamos para uma tarifa abaixo dos 650 (reais)", adicionou.
Segundo ele, podem ajudar a melhorar a tarifa da usina a aprovação de projetos como o Renuclear, que estabelece incentivos tributários ao setor, bem como os efeitos da reforma tributária que ainda depende de regulamentação do Congresso.
A expectativa é de que a retomada da obra de Angra 3, que está parada desde a década de 1980, seja discutida na próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), em setembro. As projeções apontam para a necessidade de ao menos 20 bilhões de reais para concluir o empreendimento.
Já foram investidos cerca de 14 bilhões de reais em Angra 3, incluindo obras e aquisição de equipamentos, disse Lycurgo, que citou uma previsão do governo de que, se tiver retomada, a usina possa entrar em operação entre 2030 e 2031.
No mesmo evento, o diretor presidente da estatal ENBPar, Luis Fernando Paroli, afirmou que o governo não trabalha com a perspectiva de subsídios para a energia de Angra 3.
"Não existe subsídios para Angra 3; a nossa premissa em lei é a modicidade tarifária. Uma volta do Renuclear pode afetar o valor da tarifa... Estamos renegociando com fornecedores valores e forma de financiamento com os bancos. Tudo isso é considerado", afirmou Paroli.
(Por Rodrigo Viga Gaier)