DUBAI (Reuters) - A Guarda Revolucionária do Irã alertou manifestantes antigoverno para uma ação "decisiva" se os protestos contra aumentos do preço da gasolina não cessarem, noticiou a mídia estatal, indicando que uma repressão severa pode estar a caminho.
Os protestos se espalham pela República Islâmica desde sexta-feira, e se politizaram porque os manifestantes exigem que líderes clericais de alto escalão renunciem. Ao menos 100 bancos e dezenas de edifícios e carros foram incendiados, relatou a mídia estatal.
A escala dos tumultos, desencadeados pelos anúncios de racionamento de combustível e aumentos de preço de ao menos 50%, ainda não está clara, já que as autoridades limitam o acesso à internet para deter o uso de redes sociais para a organização de manifestações e a disseminação de vídeos.
Mas os distúrbios parecem os mais sérios desde o final de 2017, quando se noticiou a morte de 22 pessoas durante protestos contra o padrão de vida baixo em dezenas de cidades -- e alguns clamores pela renúncia de figuras da elite muçulmana xiita.
O governo do presidente Hassan Rouhani disse que os aumentos do preço da gasolina almejam arrecadar cerca de 2,55 bilhões de dólares por ano para subsídios adicionais a 18 milhões de famílias, ou cerca de 60 milhões de iranianos de baixa renda.
Mas muitos iranianos comuns estão revoltados e desesperados devido às sanções que os Estados Unidos reativaram e que ajudaram a minar as promessas governamentais de mais empregos e investimentos, e as autoridades estão ansiosas para conter os tumultos.
"Se necessário, adotaremos uma ação decisiva e revolucionária contra quaisquer medidas contínuas para perturbar a paz e a segurança do povo", disse a Guarda Revolucionária, a principal força de segurança do Irã, em um comunicado divulgado pela mídia estatal.
No domingo, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, atribuiu os abalos no país a oponentes e inimigos estrangeiros, denunciando os manifestantes que atacaram propriedades públicas como "bandidos" e "encrenqueiros".
Alguns iranianos conseguiram publicar vídeos nas redes sociais que mostram a polícia disparando gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes. A Reuters não conseguiu verificar as imagens. As autoridades disseram que um policial e um civil foram mortos e que mil "arruaceiros" foram presos.
A luta dos iranianos comuns para sobreviver se tornou ainda mais dura no ano passado, quando o presidente Donald Trump retirou os EUA do acordo nuclear de Teerã com potências mundiais e reativou sanções que haviam sido suspensas em respeito ao acordo.
(Por Parisa Hafezi)