Por Leonardo Goy
BRASÍLIA (Reuters) - Para atender à decisão do presidente Michel Temer de suspender a importação de café robusta, o governo federal vai exigir uma "anuência prévia" dessas importações, disse uma fonte do governo federal a par do assunto nesta quarta-feira.
Com essa barreira burocrática, na prática o governo vai segurar as inéditas importações do maior produtor global da commodity sem que seja necessário revogar as decisões favoráveis a compras externas já tomadas até agora, disse a fonte, na condição de anonimato.
A chamada "anuência prévia", um tipo de licença, foi a maneira encontrada por técnicos para colocar em prática a decisão de Temer sem ter de cancelar as duas decisões que haviam sido publicadas no Diário Oficial da União no início da semana, reduzindo a tarifa de importação de 10 para 2 por cento para uma cota de 1 milhão de sacas e autorizando compras do Vietnã.
Segundo essa fonte, Temer telefonou na terça-feira à noite para o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, pedindo para suspender as importações até que sejam aprofundados os estudos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sobre a situação dos estoques de café robusta do país.
A decisão de segurar as importações ocorreu após forte pressão por parte de parlamentares de Estados produtores de café, e impactou nesta quarta-feira o mercado global de robusta, cujos preços futuros fecharam em queda de mais de 1 por cento.
A interlocutores, Blairo disse que "fez sua parte" no caso. O pedido de importação decorria de reclamações da indústria de café solúvel, que afirma haver escassez do café robusta no mercado, o que elevou os preços do produto para níveis recordes no final do ano passado.
Diante do apelo dos produtores e da frente parlamentar, que garantiram haver oferta para atender à indústria de café, o governo determinou um estudo mais profundo da situação, antes de efetivar as importações, afirmou o Ministério da Agricultura em nota, sem dar mais detalhes.