Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - Um aumento na importação de milho e trigo diante da quebra de safra no Brasil, em momento em que a demanda por fertilizantes está forte, deve apertar a logística para escoamento desses produtos importados, disse nesta quarta-feira o diretor-executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).
Essa situação já gerou gargalo recente em porto de Santa Catarina, afirmou Ricardo Tortorella, acrescentando que o país importou cerca de 80% do fertilizante consumido em 2020.
O Brasil elevou em 11,1% as importações de fertilizantes em 2020, para 32,87 milhões de toneladas, enquanto a produção brasileira caiu 10,5%, para 6,37 milhões de toneladas, segundo números da Anda apresentados nesta quarta-feira durante seminário promovido pela consultoria Datagro.
Neste primeiro trimestre, afirmou o diretor-executivo da Anda, Ricardo Tortorella, a produção nacional de fertilizante continuou caindo 11%, enquanto a importação disparou 23%.
"O problema de dependência do exterior de certa forma começa a se agravar um pouco mais... há 15 dias, o porto em Santa Catarina teve problemas de muita entrada, isso se agrava conjunturalmente com as geadas", afirmou ele, em referência à quebra de safra, que resultará em aumento de importações.
Ele apontou que, com a quebra de safra por seca e geadas, o Brasil que já é um grande importador de trigo tem elevado importações de milho.
"Com a possível a perda das safras também concorre a importação, que começa a chegar um pouco maior, em Santa Catarina teve problema com a entrada de fertilizantes", comentou.
Tortorella disse ainda que o setor terminou 2020 com queda de 8,7% nos estoques finais de fertilizantes, para pouco mais de 6 milhões de toneladas, enquanto a demanda cresceu 11,9% em 2021, e as entregas totais somaram 40,56 milhões de toneladas no ano passado, segundo números da Anda.
Para este semestre, ele disse que o setor precisa de muita atenção para gerenciar a logística.
"Precisa ser bem feito, com muita atenção, para atenuar os riscos...", comentou ele, ressaltando que a demanda dos produtores está forte, apesar da alta dos preços dos fertilizantes, uma vez que a relação de troca entre produtos agrícolas e insumos segue favorável ao agricultor.
Ele lembrou de problemas de "fluxos de oferta de logística" em 2020, devido a questões ligadas à pandemia, o que colaborou para a alta dos insumos.
A importação de milho pelo Brasil praticamente dobrou no primeiro semestre, para mais de 900 mil toneladas, embora a maior parte tenha vindo do Paraguai, pelo modal rodoviário. Para o segundo semestre, a logística deve se concentrar nos portos, à medida começou a chegar o cereal da Argentina, que vem de navios.
Apenas a companhia JBS (SA:JBSS3) já anunciou que está trazendo o equivalente a 30 navios com milho da Argentina, e prevê que o país importará pelo menos 4 milhões de toneladas de milho em 2021.
Em 2020, as importações do cereal somaram 1,37 milhão de toneladas, segundo números do governo.
(Por Roberto Samora)