Por Mayank Bhardwaj
NOVA DÉLHI (Reuters) - A Índia provavelmente vai implementar regras para tornar compulsória a exportação de milhões de toneladas de açúcar excedente no país para dar sustentação aos preços locais, disseram fontes, em uma medida que poderia reduzir a crescente revolta dos agricultores locais, mas aumentar o excesso de oferta nos mercados globais.
A decisão final deverá ser tomada pelo primeiro-ministro Narendra Modi, que discutiu o assunto, de alto grau de sensibilidade política, em um encontro de ministros, autoridades e executivos de usinas no último final de semana, disseram duas fontes do governo.
A proposta, que poderá significar que as usinas vendessem com prejuízo, surge em um momento em que o mercado global sofre com um enorme excedente e preços nas mínimas de seis anos e meio.
A regra de exportação obrigatória, que poderia ser instituída a partir do início do novo ano safra, em 1º de outubro, seria aplicada apenas quando a produção ficasse acima da demanda local, disseram os oficiais, diretamente envolvidos na formulação da política.
Se a medida for aprovada, a Índia poderia superar a Austrália e ocupar a terceira posição no ranking dos maiores exportadores de açúcar, atrás apenas de Brasil e Tailândia.
Um porta-voz do ministério de Alimentos não quis comentar.
Além de aumentar as exportações da produção agrícola, as vendas externas estimuladas pelo governo podem também ajudar as usinas do país a reduzir uma dívida de 2,5 bilhões de dólares que elas têm com 50 milhões de produtores de cana, um grupo equivalente à população da Espanha e que se concentra em Estados politicamente importantes como Uttar Pradesh e Maharashtra.
A Índia, maior consumidor global de açúcar, tem produzido mais do que necessita nos últimos cinco anos, e a tendência é de continuidade deste quadro.