SÃO PAULO (Reuters) - A metodologia de preço da soja Esalq/BM&FBovespa para Paranaguá será alterada a partir de segunda-feira para tornar o indicador mais abrangente em relação aos negócios realizados e ofertados no porto, informou nesta quinta-feira o Cepea, centro de pesquisa da Universidade de São Paulo responsável pela elaboração.
O indicador, que se refere ao grão comercializado na condição "transferido" para armazéns ou silos portuários, é usado na liquidação financeira dos contratos futuros da soja no Brasil, e sua metodologia restritiva é apontada por operadores como um entre diversos motivos para o pouco interesse pelos contratos na bolsa de São Paulo.
"A partir de segunda-feira, especificamente quando houver apenas dois negócios efetivos ou menos, todas as ofertas de compra e de venda serão consideradas para a amostra inicial... independentemente de as 'ofertas' estarem no intervalo dos efetivos", disse o centro, em nota.
A metodologia em vigor até hoje considera somente negócios efetivos e ofertas de compra e venda que estejam no intervalo dos contratos fechados.
A mudança de metodologia foi elaborada em parceria com a BM&FBovespa, aprovada por câmaras representativas na própria bolsa, para depois ser executada pelo Cepea.
"A grande dificuldade neste indicador (metodologia atual) é que, com a mudança do processo de autorização para entrega do produto no porto de Paranaguá,'se abre espaço' nos armazéns somente depois que o navio que receberá aquele grão ter sido nomeado", disse o professor Lucílio Alves, do Cepea, em nota.
"Isso reduziu muito o número de negócios efetivos de pronta entrega, uma vez que agentes precisam antecipar as negociações", disse ele.
Na avaliação do Cepea, as transações previstas na metodologia atual do índice capturam os preços praticamente apenas nos casos em que é necessário completar cargas de navios ou transferir produto excedente para terceiros.
O indicador é calculado por meio de contatos do Cepea com agentes colaboradores, no mercado.