SÃO PAULO (Reuters) - Os estoques globais de suco de laranja (FCOJ equivalente a 66º Brix) em poder das empresas ligadas à Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) deverão atingir 292.385 toneladas em 30 de junho de 2016, queda de 42,7 por cento ante o volume armazenado no mesmo período do ano passado, com as processadoras sofrendo os efeitos de um baixo rendimento industrial da fruta.
A previsão, que ficou abaixo das projeções iniciais de cerca de 330 mil toneladas para a safra 2015/16, indica o menor volume para os estoques finais de suco de laranja brasileiro no mundo desde 2012 e suficiente para 14 semanas de consumo, projetou a entidade nesta segunda-feira, em comunicado.
A CitrusBR disse também que os estoques de suco do Brasil, o maior exportador global da commodity, somaram 728.865 toneladas em 31 de dezembro passado, menor volume da série histórica desde que a medição por meio de auditorias independentes começou a ser realizada e divulgada em 2011.
Se confirmada, a projeção de estoques em junho de 2016 representaria um retorno ao chamado "equilíbrio técnico", termo utilizado para a quantidade de estoques necessária apenas para cumprir contratos antes da próxima safra, após anos de excesso de oferta causada por grandes colheitas em 2011/12 e 2012/13, disse a CitrusBR.
Segundo a associação, o rendimento industrial das frutas também sofreu uma queda significativa, de 24,4 por cento ante 2014. Em 2015, foram necessárias 299,14 caixas com 40,8 kg de laranjas para a produção de 1 tonelada de suco, ante 240,5 caixas na temporada anterior.
"Esse é, de longe, o pior rendimento industrial já registrado", disse o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto, em nota, confirmando avaliação da associação divulgada em dezembro de 2015.
Entre os motivos para o desempenho abaixo do normal estão condições climáticas adversas, com a seca no primeiro semestre de 2015 seguida por excesso de chuvas no segundo semestre do ano afetando o teor de água nas frutas, disse a CitrusBR.
Segundo a associação, devido a tais adversidades climáticas, a safra está atrasada em relação aos anos anteriores, o que pode significar um declínio ainda mais acentuado das estimativas de rendimento industrial.
(Por Gustavo Bonato e Natália Scalzaretto)