BUENOS AIRES (Reuters) - Boa parte das lavouras de soja da Argentina ficou inundada por 20 dias de chuvas impiedosas, gerando uma ameaça de perda da oferta do maior exportador mundial de farelo de soja para alimentação animal e terceiro maior fornecedor do grão, disseram meteorologistas nesta quarta-feira.
Uma colheita fraca em um fornecedor tão importante colocaria mais pressão nos preços globais dos alimentos e seria uma notícia ruim para novo presidente da Argentina, Mauricio Macri, que precisa das receitas originadas com os impostos sobre a exportação de soja para ajudar a organizar a confusão fiscal deixada por sua antecessora.
Produtores estacionaram suas colheitadeiras em boa parte do cinturão de grãos dos Pampas, aguardando que o solo seque o suficiente para suportar seu peso de 30 toneladas. O sol surgiu pela primeira vez em dias na quarta-feira. Chuvas mais leves são esperadas para a próxima semana, com previsão de tempo seco prolongado a partir do próximo mês.
"Neste ponto da temporada, nós normalmente temos 40 por cento da soja colhida. Hoje, apenas 10 por cento foram colhidos. O atraso na colheita é o pior em 10 anos", disse o meteorologista German Heinzenknecht, da consultoria Applied Climatology.
A maioria das estimativas projetou a safra de soja da Argentina 2015/16 em cerca de 60 milhões de toneladas. Mas o governo disse que um volume de 3,3 milhões de toneladas de grãos já foi perdido, e a Bolsa de Grãos de Buenos Aires deve reduzir sua estimativa de colheita na quinta-feira.
(Por Hugh Bronstein)