Por Renee Maltezou e Michele Kambas
ATENAS (Reuters) - O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, renunciou nesta quinta-feira, esperando fortalecer sua posição no poder nas eleições antecipadas, após sete meses no cargo, período em que ele combateu os credores da Grécia por melhores termos de um resgate, mas teve que ceder à pressão eventualmente.
Tsipras apresentou sua renúncia ao presidente Prokopis Pavlopoulos, e pediu por uma nova eleição na data mais próxima possível.
Representantes do governo disseram que o objetivo é realizar as eleições em 20 de setembro, com Tsipras tentando conter uma rebelião em seu partido de esquerda Syriza e selar o apoio público pelo programa de resgate (o terceiro da Grécia desde 2010) que ele negociou.
"Irei para o presidente da República em breve para apresentar minha renúncia, assim como a renúncia de meu governo", disse Tsipras em discurso televisionado antes de se reunir com Pavlopoulos.
Enfrentando um quase colapso do sistema financeiro grego, que inclusive ameaçou o futuro do país na zona do euro, Tsipras foi forçado a aceitar as demandas dos credores por ainda mais austeridade e reformas econômicas --as mesmas políticas que ele havia prometido acabar quando foi eleito em janeiro.
"Eu quero ser honesto com vocês. Nós não alcançamos o acordo que esperávamos antes das eleições de janeiro", disse ele ao povo grego. "Eu sinto a profunda responsabilidade ética e política de colocar sob seus julgamentos tudo o que eu fiz, sucessos e fracassos".
Sua decisão aprofunda as incertezas políticas no dia em que a Grécia começou a receber os recursos de seu programa de resgate de 86 bilhões de euros, cinco anos após o governo anterior ter aceitado o primeiro resgate da zona do euro e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Mas uma eleição antecipada permitiria que Tsipras capitalizasse sobre sua popularidade junto a eleitores antes que as partes mais severas do programa - incluindo mais cortes em pensões e mais aumentos de impostos - comecem a incomodar.
Isso poderia permitir que ele volte ao poder em uma posição mais forte, sem que rebeldes internos do Syriza, contrários ao resgate, o atrapalhem.
Jeroen Dijsselbloem, que preside as reuniões dos ministros das Finanças da zona do euro, disse esperar que a renúncia não atrase ou atrapalhe a implementação do pacote de resgate.