MOSCOU (Reuters) - O Kremlin afirmou nesta quinta-feira que a Rússia continua sendo um fornecedor confiável de grãos, apesar dos obstáculos criados pelos países ocidentais, e que a escassez de alimentos na África não tem nada a ver com Moscou.
Em julho, a Rússia desistiu de um acordo de um ano que havia permitido que a Ucrânia, um dos maiores exportadores do mundo, enviasse grãos de seus portos do Mar Negro, apesar da invasão russa e do controle militar das águas ucranianas, o que aliviou o aumento dos preços globais.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, foi questionado em um briefing sobre as acusações relatadas pelo chefe do Conselho de Segurança da Ucrânia de que Moscou estava causando fome na África, onde muitos países dependem de grãos importados.
Essas acusações "são completamente infundadas, estão erradas e são uma distorção deliberada da realidade", disse Peskov.
"A escassez de grãos e de alimentos no continente africano não tem nada a ver com nosso país."
"A Rússia, mesmo agora, apesar do fato de que o acordo em si não funciona mais, assume uma posição responsável: vocês sabem sobre a iniciativa de enviar grãos gratuitos para os países mais pobres do continente africano."
Ao sair do acordo, a Rússia argumentou que as sanções ocidentais estavam impedindo suas próprias exportações de alimentos e fertilizantes, contrariando um outro acordo.
Desde então, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, prometeu enviar gratuitamente até 50.000 toneladas de grãos para seis países africanos -- uma quantidade que provavelmente não terá impactos significativos na escassez de alimentos no continente.
Peskov disse que ainda não havia resultados concretos em um esquema proposto para o envio de grãos russos envolvendo a Turquia e o Catar.
A Rússia propôs o plano, no qual o Catar garantiria o fornecimento gratuito de grãos aos países pobres, como uma alternativa ao acordo de grãos do Mar Negro.
A Turquia, no entanto, tem tentado convencer Moscou a voltar ao acordo que intermediou. Duas fontes turcas disseram à Reuters que o presidente turco, Tayyip Erdogan, se reuniria com Putin no resort russo de Sochi, no Mar Negro, em 4 de setembro, para conversações com foco nas exportações de grãos do Mar Negro.
(Reportagem da Reuters)