Por Maximilian Heath
BUENOS AIRES (Reuters) - Lideranças agropecuárias da Argentina disseram nesta segunda-feira que esperam que o governo peronista reveja suas políticas intervencionistas para o setor após a dura derrota de domingo nas primárias para as eleições de meio de mandato.
A Argentina é um importante exportador global de alimentos e seus produtores rurais tiveram no último ano confrontos frequentes com o presidente de centro-esquerda Alberto Fernández, que tentou regular os mercados de exportação de grãos e colocar cotas para embarques de carne.
Mas Fernández recebeu um duro golpe político no domingo contra a oposição de centro-direita, que conquistou a maioria dos votos nas primárias, o que abre a janela para uma possível moderação no partido governista, segundo a visão dos dirigentes de associações do setor agrícola.
O resultado de domingo "me encoraja a pensar que o governo está começando a prestar atenção às medidas que estão sendo realizadas com o campo e que elas estão erradas", disse à Reuters Jorge Chemes, chefe das Confederações Rurais Argentinas (CRA).
O presidente da Federação Agraria Argentina (FAA), Carlos Achetoni, também expressou seu otimismo a respeito de um possível retrocesso no intervencionismo do governo, que no mês passado prorrogou um corte de 50% nas exportações de carne bovina, enfurendo os produtores rurais do país.
“Se eles estão recebendo, como disse o presidente ontem à noite, críticas à sua gestão, acho que terão vontade de mudar a decisão, de reconstruir a situação e não... confrontar mais com o setor agropecuário”, disse Achetoni.
Chemes destacou que a derrota de domingo e as expectativas de uma reaproximação do governo para dialogar com o setor podem diluir as possibilidades de paralisação da comercialização de grãos e gado, que havia sido ameaçada antes das eleições.
No entanto, o dirigente das FAA, que vai sentar-se à mesa com o Chemes e as outras duas entidades agrícolas (SRA e Coninagro) para definir a ação sindical, disse que as ações do setor não dependem dos resultados eleitorais mas sim de medidas concretas.
Ambos concordaram que a decisão sobre eventuais protestos será tomada no final desta semana.