Santiago do Chile, 13 jul (EFE).- O verdadeiro motor da economia mundial atualmente são os países emergentes, declarou nesta quarta-feira em entrevista à Agência Efe a secretária executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Alicia Bárcena.
A Comissão apresentou nesta quarta-feira em Santiago um estudo afirmando que o crescimento da América Latina e do Caribe será maior que o previsto para este ano e alcançará 4,7%, mas cairá para 4,1% em 2012, devido à lenta recuperação econômica dos Estados Unidos e à crise da dívida na Europa.
"A América Latina está transitando em direção a uma situação muito positiva; tem um crescimento que se mantém, mas vemos uma desaceleração da economia, em grande parte pelo contexto internacional", afirmou.
Alicia espera que a nova direção do Fundo Monetário Internacional (FMI), conduzida pela francesa Christine Lagarde, cumpra sua promessa de se mostrar mais sensível a esta nova realidade da economia mundial.
"Tomara que a Europa se recupere, mas a realidade é que são as economias emergentes que estão liderando o crescimento mundial", considerou.
Para a representante da Cepal, a crise da dívida na Europa e o lento crescimento dos Estados Unidos evidenciam que o ambiente é muito difícil. "Embora também seja preciso dizer que, pouco a pouco, os países europeus estão sendo deslocados pela Ásia, especialmente pela China", acrescentou, em relação aos parceiros comerciais da região.
A secretária executiva não acredita que a América Latina já esteja preparada para criar um Banco que atue como uma entidade financeira regional, mas considera que esta é uma aspiração legítima para propiciar que o financiamento esteja mais vinculado à economia real que à especulativa.
"A América Latina entendeu a importância da macroeconomia para a estabilidade, e é provável que agora possa dar um salto maior, para colocá-la ao serviço do desenvolvimento produtivo, que é o que mais faz alta", destacou.
Porém, enquanto continuar como região produtora de matérias-primas e de energia, e não de produtos e serviços com valor agregado, a bonança pode ser monopolizada pelos países asiáticos. Para tanto, os latino-americanos precisam conduzir bem três problemas: a inflação, a apreciação cambial e a deterioração na conta corrente.
"A América Latina tem que aprender a reter os lucros de sua produtividade", recomendou Alicia, descartando o risco de reaquecimento da economia, após o Brasil ter desacelerado gradualmente seu ritmo de crescimento, que este ano ficará em torno de 4%. EFE