Por David Alire Garcia e Miguel Gutierrez
CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - O México impôs nesta terça-feira tarifas sobre produtos dos Estados Unidos, desde o aço até carne de porco e bourbon, em retaliação contra as taxas de importação sobre metais estabelecidas pelo presidente Donald Trump, e mirando os redutos republicanos antes das eleições do Congresso dos EUA em novembro.
A resposta do México aumenta ainda mais as tensões comerciais entre os dois países e adiciona uma nova complicação aos esforços de renegociação do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) entre o Canadá, os EUA e o México.
Os produtores norte-americanos de suínos, para quem o México é o maior mercado de exportação, ficaram consternados com a decisão mexicana.
Na semana passada, Trump incomodou alguns dos aliados mais próximos dos EUA ao remover as isenções tarifárias sobre o aço e alumínio importados que sua administração havia concedido ao México, Canadá e União Europeia.
Enquanto isso, o assessor de Trump, Larry Kudlow, reviveu nesta terça-feira a possibilidade de o presidente procurar substituir Nafta de trilhões de dólares por acordos bilaterais com o Canadá e o México, uma mudança que os dois outros países dizem ser contra.
Depois das notícias sobre as novas tarifas mexicanas, que entraram em vigor imediatamente, o peso caiu para sua mínima desde fevereiro de 2017, levando a perdas entre as principais moedas.
A lista do México inclui uma tarifa de 20 por cento sobre pernil e paleta de porco, maçãs e batatas e tarifas de 20 a 25 por cento em tipos de queijo e bourbon, disse o Ministério da Economia mexicano no Diário Oficial do país.
Uma gama de produtos de aço dos EUA será atingido por tarifas de 25 por cento. O México é um importante importador de aço dos EUA.
Negociadores comerciais mexicanos pensaram a lista, em parte, para incluir produtos exportados pelos Estados dos principais líderes republicanos, como Indiana, de onde o vice-presidente Mike Pence era governador, de acordo com fontes do setor comercial familiares com a questão.
As tarifas de retaliação também podem ter implicações políticas em algumas disputas acirradas, conforme os republicanos procuram manter o controle sobre as duas casas do Congresso norte-americano. Iowa, Estado produtor de carne suína, onde o atual deputado republicano Rod Blum é considerado vulnerável na eleição de novembro, é um exemplo de um lugar onde o partido de Trump pode ser atingido.
Os principais Estados produtores de queijo incluem a Califórnia, Nova York e Wisconsin, casa do presidente da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, que está se aposentando do Congresso. Kentucky, produtor de bourbon, é o Estado natal do líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, um republicano.
(Por Michael O'Boyle; Reportagem adicional por PJ Huffstutter e Dave Graham)