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Minério atinge novo pico na China, enquanto talude de mina da Vale tem maior deformação

Publicado 28.05.2019, 10:11
© Reuters. Pilhas de minério de ferro na China
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Por Enrico Dela Cruz

MANILA (Reuters) - O contrato futuro do minério de ferro da China saltou para um novo recorde nesta terça-feira, uma vez que continuaram as apostas de que pode haver um aperto adicional na oferta da matéria-prima do Brasil, enquanto a demanda chinesa permanece forte.

O estoque de minério de ferro nos portos chineses caiu para 127,8 milhões de toneladas, em 24 de maio, o menor nível desde o início de 2017, segundo dados da consultoria SteelHome , em meio a chegadas marítimas limitadas e compras contínuas por tradings e usinas.

O contrato de minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou a sessão em alta de 0,4%, a 756,5 iuanes (109,52 dólares) a tonelada, depois de ganhar 2,8% no início do pregão, para 774,5 iuanes.

Esse foi o maior valor de referência do minério desde o lançamento do mercado de futuros da China em 2013.

No Brasil, os embarques totais de minério de ferro no acumulado do mês até o dia 24 somaram 22,6 milhões de toneladas e devem fechar abaixo do visto em maio de 2018 (34,6 milhões de toneladas), segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), como desdobramento das paralisações decorrentes do desastre com barragem da Vale (SA:VALE3) em Brumadinho (MG).

Ainda assim, os embarques em maio do Brasil já superam os registrados em abril (18,3 milhões de toneladas).

No mercado spot, na China, o minério de ferro com 62% de ferro subiu para um pico de cinco anos, de 108,50 dólares por tonelada, segundo a SteelHome.

"O rali do minério de ferro deve-se principalmente ao balanço apertado de oferta e demanda que foi ainda mais catalisado pelo aumento do risco de rompimento da barragem de Gongo Soco", disse Richard Lu, analista sênior da consultoria CRU em Pequim.

A barragem da mineradora da Vale, em Barão de Cocais (MG), pode se romper como consequência da eventual queda do talude da cava de Gongo Soco, que tem se movimentado como nunca visto.

Autoridades já disseram que o talude deve se romper, mas a Vale afirma que não há informações técnicas que indiquem que a barragem vai ruir como consequência da queda da cava.

A velocidade de deformação na porção inferior do talude norte atingiu 19,5 centímetros/dia nesta manhã, segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), com alguns pontos isolados registrando avanço de 23,9 cm/dia.

Desde que começaram as medidas, essa é a maior deformação já registrada pela ANM. (http://www.anm.gov.br/comunicacao-talude-norte-cava-gongo-soco)

Gongo Soco está a cerca de 65 quilômetros de onde a barragem de Brumadinho desabou em janeiro, matando mais de 240 pessoas.

O desastre na barragem de Brumadinho e o subsequente fechamento de minas e barragens no Brasil levaram a Vale, a maior produtora de minério de ferro do mundo, deve cortar sua estimativa de vendas de minério de ferro para este ano, empurrando os preços para níveis recordes.

© Reuters. Pilhas de minério de ferro na China

As esperanças de que a Vale possa aumentar seus embarques diminuíram depois que um tribunal ordenou recentemente que suspendesse as operações em seu complexo de minério de ferro de Brucutu, o maior em Minas Gerais. [nE6N20M00D] "As siderúrgicas chinesas ainda estão operando intensamente seus altos-fornos, portanto a demanda por minério de ferro é robusta", disse Lu. A produção de aço bruto da China, maior produtora e consumidora mundial, subiu para 85 milhões de toneladas em abril, alta de 12,7% em relação ao ano passado.

(Por Enrico dela Cruz; com reportagem adicional de Roberto Samora, em São Paulo; Edição Stefani Inouye)

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