Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - O Ministério de Minas e Energia quer apoiar a implementação de térmicas a carvão na região Sul, o que envolverá negociações para que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financie os empreendimentos, disse nesta sexta-feira o secretário de Planejamento da pasta, Reive Barros.
O movimento do ministério vem em momento em que o carvão tem atraído menor interesse de investidores mundo afora, à medida que governos e empresas miram redução de emissões de carbono e maiores aportes em energia limpa, como usinas eólicas e solares.
O secretário defendeu que as térmicas da fonte fóssil seriam importantes para o Sul porque podem ser construídas perto de áreas que concentram consumo de energia na região, além de terem reservas próximas.
"Nós deveremos no final de 2019, através do ministro Bento (Albuquerque), apresentar um programa específico de viabilização de termelétricas a carvão no Rio Grande do Sul e Santa Catarina", disse ele a jornalistas, após participar do leilão de energia A-6 em São Paulo.
O secretário disse que para serem viáveis esses projetos precisam buscar maior eficiência e modernização, de forma a se tornarem mais competitivos e reduzir emissões de carbono, o que não tem sido possível até devido à dificuldade de investidores para financiar os projetos.
"Elas não estão encontrando alternativas de financiamento nem a nível nacional e nem a nível internacional", afirmou Barros.
"A ideia é que haja uma discussão entre o Ministério de Energia e o Ministério da Economia para encontrar alternativas, de tal sorte que o BNDES venha a voltar a financiar essas usinas", acrescentou ele.
Os leilões de energia do governo brasileiro para novas usinas não contratam novos empreendimentos a carvão desde 2014, quando a francesa Engie (SA:EGIE3) venceu com sua térmica Pampa Sul, que iniciou operação neste ano.
Mais recentemente, a Engie colocou o ativo e outro complexo térmico a carvão em Santa Catarina à venda, em meio a uma estratégia global do grupo francês de investir apenas em renováveis e gás natural, visto como um combustível "de transição" rumo a uma matriz global mais limpa.