SÃO PAULO (Reuters) - A moagem de cana do centro-sul do Brasil somou 46,5 milhões de toneladas na segunda quinzena de junho, superando o volume de 39,38 milhões da quinzena anterior e de 44,14 milhões de toneladas na segunda quinzena de junho de 2014, informou nesta quarta-feira a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
O volume excedeu também as expectativas do mercado, que giravam em torno de 43 milhões a 45 milhões de toneladas e já estavam na faixa superior da capacidade de colheita da região.
Os contratos futuros do açúcar bruto na bolsa de Nova York reduziram ganhos após a divulgação, indicando uma preocupação do mercado com uma maior oferta no Brasil, principal produtor e exportador do adoçante.
O clima ainda foi favorável à colheita no centro-sul do Brasil em junho, embora chuvas recentes, neste início de julho ameacem o andamento dos trabalhos.
As chuvas atípicas registradas no Sudeste do Brasil esta semana deverão se repetir em toda a semana que vem, projetou nesta quarta-feira a Somar Meteorologia.
O diretor operacional da Raízen, maior produtora de açúcar e etanol do mundo, Pedro Mizutani, disse na terça-feira que a produção dos canaviais do centro-sul do Brasil poderá ficar acima do esperado na atual safra 2015/16, superando 600 milhões de toneladas, com a ajuda do inverno chuvoso, mas se as precipitações persistirem nas próximas semanas nem todo o volume de cana seria processado nesta temporada.
Alerta semelhante foi feito nesta quarta-feira pela Unica.
"O clima nos próximos meses será determinante para a definição do tamanho da safra 2015/16 e parte das unidades não deve conseguir processar toda a cana disponível para moagem", disse o diretor técnico da entidade, Antonio de Padua Rodrigues, em nota.
No acumulado da safra 2015/16, a moagem de cana do centro-sul atingiu 200,5 milhões de toneladas até 1º de julho, 1,21 por cento abaixo do volume processado no mesmo período de 2014/15.
AÇÚCAR E ETANOL
A produção de açúcar no centro-sul na última quinzena atingiu 2,51 milhões de toneladas, superando o 1,97 milhão de toneladas da primeira metade de junho, mas abaixo dos 2,58 milhões de toneladas do mesmo período da safra passada.
A produção total de etanol na região somou 2 bilhões de litros na segunda quinzena de junho, ante 1,66 bilhão no período imediatamente anterior e 1,89 bilhão um ano antes, demonstrando o foco das usinas na produção do biocombustível.
A proporção de cana destinada à produção de etanol subiu para 60 por cento na última quinzena, ante um mix de 57 por cento destinado ao etanol na mesma quinzena de 2014/15.
A demanda por etanol está forte no Brasil, com boa competitividade do biocombustível ante a gasolina em diversas regiões. Neste contexto, as vendas de hidratado bateram recorde em junho, com 1,53 bilhão de litros, crescimento de 51,8 por cento sobre junho de 2014, informou a Unica.
(Por Gustavo Bonato e Reese Ewing)