Por Ron Bousso
LONDRES (Reuters) - A oferta global de petróleo pode ser estressada ao limite devido a prolongadas interrupções de produção, o que suportaria os preços e ameaçaria o crescimento da demanda, disse a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) nesta quinta-feira.
A queda esperada nas exportações de petróleo do Irã neste ano devido à renovação das sanções dos EUA contra o país soma-se ao declínio na produção da Venezuela e a problemas de oferta na Líbia, no Canadá e no Mar do Norte, que levaram os preços da commodity ao maior nível desde 2014 nas últimas semanas.
A Opep e outros importantes produtores, incluindo a Rússia, responderam ao aperto com um alívio em seu acordo de cortes de oferta e com a Arábia Saudita prometendo apoiar o mercado enquanto o presidente norte-americano, Donald Trump, acusava o cartel de elevar os preços.
Segundo a IEA, os problemas de produção evidenciam a pressão sobre a oferta global conforme a capacidade ociosa ao redor do mundo "pode estar sendo estressada ao limite".
A capacidade ociosa refere-se ao espaço para que produtores elevem a oferta em prazo relativamente curto. Grande parte dessa capacidade está no Oriente Médio.
A expectativa é que as sanções contra o Irã "atinjam duramente" o mercado no quarto trimestre. Se a Arábia Saudita elevar sua produção, isso poderia deixar o reino com uma capacidade ociosa sem precedentes abaixo de 1 milhão de barris por dia.
"Essa vulnerabilidade atualmente sustenta os preços do petróleo e parece provável que continue a fazê-lo. Não vemos sinais de maior produção de outros lugares que possa aliviar os temores de um aperto no mercado", escreveu a IEA.
A China e a Índia, segundo e terceiro maiores consumidores globais de petróleo, podem enfrentar "grandes desafios" em encontrar alternativas de suprimento com a queda nas exportações da Venezuela e do Irã, segundo a IEA.
"Os preços mais altos estão prolongando temores de consumidores em todos lugares de que suas economias possam ser impactadas. Por sua vez, isso pode ter um impacto no crescimento da demanda por petróleo", adicionou o órgão.