SÃO PAULO (Reuters) - O Operador Nacional do Sistema elétrico (ONS) reduziu nesta sexta-feria a perspectiva para a carga no Sistema Interligado Nacional (SIN) em abril de alta de 0,7 por cento projetada na semana passada para queda de 0,9 por cento.
Segundo o relatório Informe do Programa Mensal de Operação, o indicador custo marginal de operação (CMO), que compõe o valor da eletricidade no mercado de curto prazo (PLD), subiu em todas as regiões para a próxima semana.
No Sudeste, Centro Oeste e Sul, o CMO passou a 949,64 reais por megawatt/hora, ante 916,06 reais nesta semana. No Nordeste o subiu de 819,76 para 824,58 reais e no Norte houve salto para 218,47 reais, ante 92,03 reais.
Com isso, o PLD para a próxima semana foi mantido no teto permitido para o ano, de 388,48 reais por MWh, em todas as cargas nas regiões Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e Sul. Na região Norte, os valores subiram para o máximo na carga pesada, a 207,16 reais na carga média e a 171,19 reais na carga leve, informou a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Segundo a CCEE, diante de um quadro de excedente de energia no Norte, "existe a expectativa de ocorrência de vertimento e consequente afogamento do canal de fuga da hidrelétrica Tucuruí, o que ocasiona perda de produtividade nesta usina". Com isso, houve aumento de 15 reais por MWh no preço médio do Norte. Outro fator que elevou o preço da região em 110 reais por MWh foi a expectativa de aumento em torno de 400 MW médios na carga da região.
Sobre chuvas que chegarão aos reservatórios até o fim do mês, o relatório mais recente do ONS indica cenário praticamente inalterado em relação às estimativas da semana passada.
A previsão é de afluências a 85 por cento da média histórica para o Sudeste, ante 88 por cento estimado na semana passada. Para o Nordeste, a estimativa passou de 59 para 58 por cento da média, enquanto para o Sul houve elevação de 115 para 117 por cento da média histórica de abril, último mês do tradicional período chuvoso do país.
Para o nível dos reservatórios das hidrelétricas, a expectativa para o fim do mês está se mantendo acima dos 30 por cento na região Sudeste, patamar que segundo fontes do governo será suficiente para as represas atravessarem o período de estiagem e chegarem a novembro, quando em tese voltam as chuvas, ainda acima do limite de 10 por cento.
A previsão para o Sudeste é que as represas de hidrelétricas da região terminem abril com nível operativo de 33,2 por cento, ante 30,83 por cento na quinta-feira e bem acima dos cerca de 16 por cento do início de fevereiro.
Já para as hidrelétricas do Nordeste a previsão de nível é de 27,9 por cento, ante 25,7 por cento na véspera. Para o Sul, a expectativa é de 44,8 por cento, ante 39,38 por cento na quinta-feira, e para o Norte os reservatórios devem terminar o mês a 80,2 por cento, ante 73,07 por cento na quinta.
APAGÃO
O ONS deu detalhes no fim da tarde desta sexta-feira sobre um apagão de quase uma hora que atingiu Manaus na noite de quinta-feira.
Segundo o operador, problemas de desligamento automático de linhas de transmissão no Norte do país levaram a uma interrupção de 454 megawatts na carga, afetando Manaus.
"O ONS e as empresas envolvidas farão a análise técnica da ocorrência para identificar as causas", afirmou o operador em comunicado à imprensa.
O apagão ocorreu por volta das 20h de quinta-feira e afetou cerca de 50 por cento de Manaus, segundo informações da imprensa local.
Na segunda-feira da semana passada houve recorde de demanda de energia no Nordeste no início da tarde, superando o recorde anterior de 19 de janeiro, quando houve um apagão orquestrado pelo ONS em pelo menos 10 Estados do país.
O operador informou na ocasiãoo que o recorde de demanda instantânea de energia no Nordeste, de 12.186 megawatts, ocorreu às 14h24 devido principalmente "às altas temperaturas verificadas em Recife (32°C), Salvador (34°C) e Fortaleza (32°C)".
(Por Alberto Alerigi Jr.)