RIO DE JANEIRO (Reuters) -O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) previu nesta sexta-feira uma queda maior da carga de energia em outubro, passando a projetar um recuo de 2,1% na comparação anual, ante baixa de 0,1% estimada na semana anterior.
"Essa projeção tem relação com a permanência de temperaturas amenas nas capitais dos Subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Sul, com destaque para a redução das temperaturas na região Sul", disse o ONS em nota.
"O indicador também considera a manutenção da expansão do setor industrial e de serviços, ainda que com oscilação em decorrência de pressões de custo, alto desemprego, instabilidades econômicas e institucionais."
O movimento é puxado principalmente por uma queda de 2,7 pontos percentuais maior que a esperada anteriormente para o subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que possui a maior carga de eletricidade do Brasil.
Segundo o operador, a carga na região deverá registrar queda de 3,8% frente a outubro de 2020 -- na semana passada, o recuo era calculado em 1,1%.
Já no Sul, a previsão de queda para o mês é ainda mais acentuada, de 4,7%, ante recuo de 1,5% estimado na semana anterior.
Na região Nordeste, a previsão de carga para o mês sofreu elevação de 0,1 ponto percentual ante a estimada na semana passada, para avanço de 3,8%, enquanto no Norte a previsão foi mantida em alta de 2,6%.
Em relação aos reservatórios, a projeção é que eles cheguem até o fim do mês com 16,7% da sua capacidade na região Sudeste/Centro-Oeste, contra projeção de 15,2% feita na semana passada.
Na região Sul, o nível de armazenamento deve alcançar no fim do mês 39,9%, contra 49,5% estimado na semana passada, enquanto o Nordeste teve atingir 35,8% (versus 35,5% antes) e o Norte 46,4% (versus 45,8% antes).
CHUVAS EM ALTA NO SUDESTE
Em relação às chuvas nas regiões de hidrelétricas, o ONS elevou a previsão de afluência para o subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que concentra os principais reservatórios de hidrelétricas do Brasil, para 103% da média para outubro, contra 99% previsto na semana anterior.
A melhora do cenário de chuvas para a importante região é positiva, em momento em que o país enfrenta uma grave crise hídrica e vê afetada a geração de energia pela principal fonte utilizada localmente.
Já os reservatórios do Sul terão precipitações em 87% da média, contra 116% estimados na semana passada.
Para o Nordeste, as chuvas foram projetadas em 42%, estável ante a estimativa anterior, enquanto para o Norte a projeção é de 89%, versus 83 na semana passada.
Nesta semana, o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, pontuou que vê um cenário ainda "bastante preocupante" para 2022, diante de seca nos reservatórios de hidrelétricas, e recomenda que o país permaneça mobilizado.
Segundo ele, há expectativas de que a estação chuvosa chegará dentro do esperado neste ano e apontou que as chuvas dos últimos dias foram muito bem-vindas, mas não ainda o suficiente.
(Por Marta NogueiraEdição de Maria Pia Palermo)