Por Barani Krishnan
Investing.com- O ouro operou no geral abaixo dos US$ 1.800 por onça na segunda-feira, com o interesse de longo prazo limitado pela proximidade do anúncio dos números da inflação ao consumidor nos EUA, que podem surpreender positivamente e prejudicar o metal.
O contrato de ouro para dezembro mais ativo na Comex de Nova York fechou em alta de US$ 2,30, ou 0,1%, a US$ 1.794,40 depois de se movimentar numa faixa de US$ 5 entre US$ 1.800,05 e US$ 1.785,10.
O índice de preços ao consumidor (IPC) de agosto, com divulgação marcada para terça-feira, está no topo do calendário dos mercados desta semana, enquanto os economistas debatem se o aumento da inflação deste ano irá ceder, como afirma o Federal Reserve.
O crescimento do IPC norte-americano diminuiu em julho, mas se manteve em uma máxima em 13 anos de 5,4%. Para agosto, os economistas esperam que o avanço tenha desacelerado mais para 5,3%. Enquanto o Fed se preparar para sua reunião de política monetária de setembro, o foco sobre os números do IPC de agosto pode ser maior que o habitual. O momento em que os EUA e outros bancos centrais irão optar por reduzir seu estímulo econômico é fundamental para o apetite por risco dos mercados, com um claro equilíbrio entre os economistas que defendem por um tapering e os que sugerem uma diminuição gradual.
"Grande parte do mercado parece já ter um olho na reunião do Fed na semana que vem, e isto é ainda mais nítido em termos do ouro, que tem oscilado em torno dos US$ 1.800 durante a maior parte do mês passado", afirmou Craig Erlam, analista da plataforma de negociação online OANDA.
"O argumento a favor de uma abordagem mais paciente por parte do Fed em relação ao tapering tem se fortalecido, reenergizando o metal dourado, mas talvez seja preciso mais informações antes de dar o próximo passo. Ele novamente não foi capaz de quebrar os US$ 1.833 depois do relatório do emprego, o que consolida ainda mais esse patamar como uma barreira fundamental de resistência".
O ouro de dezembro caiu 2,3% na semana passada, apresentando seu maior recuo desde a semana de 29 de julho e registrando sua primeira perda semanal em cinco semanas, após a breve euforia nos longs em função do decepcionante relatório do emprego nos EUA para agosto dar lugar ao desespero pela recuperação do dólar na sequência de rumores sobre um tapering imediato por parte do Federal Reserve.
As especulações de que o banco central será pressionado a agir mais rapidamente sobre a inflação veio enquanto os dados mostraram que os preços ao produtor nos EUA subiram 8,3% em agosto, seu maior nível em mais de uma década. Contudo, até a divulgação dos dados de IPP, o argumento a favor do tapering vinha se enfraquecendo consideravelmente em função do relatório do emprego dos EUA para agosto, que ficou 70% abaixo das metas dos economistas.
A questão de quando o Fed deve reduzir seu estímulo e aumentar as taxas de juros tem sido amplamente debatida nos últimos meses, já que a recuperação econômica entrou em conflito com o recrudescimento da variante delta do coronavírus. O programa de estímulo do Fed e outras acomodações monetárias foram responsabilizados por agravarem as pressões dos preços nos Estados Unidos. O banco central vem comprando US$ 120 bilhões em títulos e outros ativos desde o início da pandemia de Covid-19, em março de 2020, para ajudar a economia. O banco central também vem mantendo as taxas de juros em níveis praticamente zero nos últimos 18 meses.
Após recuar 3,5% em 2020, devido ao fechamento das empresas em função da Covid-19, a economia dos EUA se expandiu de forma robusta neste ano, aumentando 6,5% no segundo trimestre, em linha com as previsões do Federal Reserve.
O problema do Fed, no entanto, é a inflação, que tem superado o crescimento econômico. O indicador preferido do Fed para a inflação - o índice de Despesas de Consumo Pessoal, que exclui os preços voláteis de alimentos e energia - subiu 3,6% no ano até julho, seu valor mais elevado desde 1991. O índice PCE incluindo energia e alimentos aumentou 4,2% no ano.
A meta do próprio Fed para a inflação é de 2% ao ano.