SÃO PAULO (Reuters) - A safra de trigo do Paraná foi estimada nesta quinta-feira em recorde de 4,16 milhões de toneladas, apesar de a expectativa ter sido reduzida devido ao ataque do fungo da brusone, de acordo com avaliação mensal do Departamento de Economia Rural (Deral), do governo do Estado.
Com a colheita já tendo avançado em cerca de 60% da área, o Deral reduziu em 330 mil toneladas a previsão de safra do cereal do Estado, que em alguns anos é o principal para a cultura no Brasil.
"A brusone tem sido o principal fator de perdas, uma situação com poucos precedentes no Paraná, especialmente nos últimos anos. Apesar de ser uma doença com um potencial de dano relevante, normalmente ela é controlada de maneira satisfatória... porém, nesta safra as temperaturas médias mais altas registradas no inverno favoreceram a severidade do fungo", disse o agrônomo Carlos Hugo Godinho, do Deral.
O número agora estimado para a safra é cerca de 10% inferior ao potencial de 4,62 milhões de toneladas.
Ainda assim, a produção de trigo paranaense deverá crescer 18% na comparação com a temporada passada, segundo o Deral.
"Para as lavouras ainda a colher, as condições são boas em 70% da área, enquanto 5% estão ruins e as demais 20%, médias. Espera-se que as áreas plantadas mais tardiamente não surpreendam negativamente como vem acontecendo até o momento, com as perdas sendo identificadas apenas em um momento próximo da colheita", disse Godinho.
Uma boa produção no Paraná, assim como no Rio Grande do Sul, costuma aliviar a necessidade de importações de trigo pelo Brasil, fortalecendo também exportações. O Estado gaúcho, contudo, vem enfrentando pesadas chuvas, o que traz preocupações sobre os números de safra.
A redução nas produtividades acrescenta um elemento negativo para os produtores, que vinham amargando queda nos preços desde o momento do plantio, tornando atualmente as margens da triticultura negativa, disse Godinho.
"Os preços de trigo no mercado internacional também continuam retraindo no último mês, deixando pouca possibilidade para uma recuperação interna no curto prazo", avaliou.
SOJA E MILHO
Já a estimativa para a safra de soja do Paraná 2023/24 foi mantida em 21,9 milhões de toneladas nesta quinta-feira, de acordo com o órgão do Estado, um dos maiores produtores da oleaginosa no Brasil.
A área de soja, que está sendo plantada no Paraná, também ficou estável em 5,8 milhões de hectares em 23/24 na comparação com o levantamento divulgado em agosto.
Se o número para a produção for confirmado, será uma redução de 2% em relação ao recorde da temporada passada.
A primeira safra de milho do Paraná 2023/24 foi estimada em 3,1 milhões de toneladas, também estável ante previsão de agosto e uma queda de 18% na comparação anual, em meio a um recuo na área plantada.
"A segunda safra de milho (22/23) já está praticamente encerrada. Já a safra de milho e soja 23/24 estão na fase do plantio e sem grandes novidades em termos de ajuste na produção", disse o especialista do Deral Edmar Gervásio.
O Deral fez um ligeiro ajuste na segunda safra 22/23, agora prevendo uma produção acima de 14 milhões de toneladas, com alta de 6% na comparação anual.
(Por Roberto Samora)