Por Wolfgang Rattay e Riham Alkousaa
SCHULD, Alemanha (Reuters) - Pelo menos 42 pessoas morreram na Alemanha e dezenas estavam desaparecidas nesta quinta-feira depois que chuvas recordes na Europa Ocidental fizeram rios transbordarem, varrendo cidades e vilarejos, revirando carros e deixando casas destruídas e pessoas presas nos telhados.
Dezoito pessoas morreram e dezenas estavam desaparecidas na região vinícola de Ahrweilwer, no Estado de Renânia-Palatinado, informou a polícia, depois de o rio Ahr, que deságua no Reno, transbordar e atingir seis casas.
Outras 15 pessoas morreram na região alemã de Euskirchen, ao sul da cidade de Bonn, disseram as autoridades. Foi solicitado aos habitantes da região que saíssem de suas casas.
Na Bélgica, dois homens morreram devido à chuva torrencial e uma menina de 15 anos está desaparecida desde que foi arrastada por um rio que transbordou.
Centenas de soldados e 2.500 trabalhadores de ajuda humanitária auxiliavam os esforços de resgate da polícia na Alemanha, usando tanques para liberar estradas atingidas por deslizamentos de terra e árvores caídas, e helicópteros retiravam pessoas que estavam presas nos telhados de suas casas.
Cerca de 200 mil famílias ficaram sem energia devido às enchentes.
Em Ahrweiler, dois carros destruídos ficaram encostados em ambos os lados do portão de pedra da cidade e os moradores utilizaram pás de neve e vassouras para varrer a lama de suas casas e lojas depois que a enchente baixou.
"Fiquei totalmente surpreso. Pensei que um dia entraria água aqui, mas nada parecido com isso", disse o morador Michael Ahrend à Reuters. "Isso não é uma guerra, é simplesmente a natureza atacando. Devemos começar a prestar atenção nisso."
As enchentes provocaram as maiores perdas de vidas da Alemanha em anos. As enchentes de 2002 mataram 21 pessoas no leste da Alemanha e mais de 100 na Europa Central.
A chanceler alemã, Angela Merkel, manifestou seu pesar.
"Estou chocada com a catástrofe que muitas pessoas nas áreas inundadas têm de enfrentar. Minhas condolências para as famílias dos mortos e desaparecidos", disse.
Armin Laschet, candidato conservador à sucessão de Merkel como chanceler e primeiro-ministro do Estado de Renânia do Norte-Vestfália, culpou o aquecimento global pelo clima extremo.
"Vamos enfrentar eventos deste tipo de novo e de novo, e isso significa que precisamos acelerar as medidas de proteção ao clima, nos níveis europeu, federal e global, porque o clima não fica confinado a um Estado", disse ele durante uma visita à area.
Clima e meio ambiente são temas centrais da campanha eleitoral, na qual Laschet disputa com o candidato social-democrata Olaf Scholz e Annalena Baerbock, dos Verdes.
"CATÁSTROFE"
Na Bélgica, cerca de 10 casas desmoronaram em Pepinster depois que o rio Vesdre inundou a cidade do leste e os moradores foram retirados de mais de mil casas.
A chuva também causou transtornos graves no transporte público --os serviços de trem de alta velocidade Thalys, que levam à Alemanha, foram cancelados. A circulação no rio Meuse também está suspensa, já que a importante rota fluvial belga ameaça transbordar.
Correnteza abaixo, a Holanda teve inundações que danificaram muitas moradias em Limburg, uma província do sul onde várias casas de repouso foram esvaziadas.
Além das mortes na região de Euskirchen, outras nove pessoas, incluindo dois bombeiros, morreram na Renânia do Norte-Vestfália.
Na cidade de Schuld, as casas viraram pilhas de entulho e vigas quebradas. As estradas ficaram bloqueadas por destroços e árvores caídas.
"Foi uma catástrofe", disse o aposentado Edgar Gillessen, de 65 anos, cuja casa da família foi danificada.
"Todas essas pessoas que moram aqui, eu conheço todos. Tenho muita pena deles, perderam tudo... é assustador, inimaginável."
(Reportagem adicional de Matthias Inverardi, Bart Meijer em Amsterdã e Phil Blenkinsop em Bruxelas)