(Corrige na matéria publicada no dia 18 de janeiro o faturamento previsto da refinaria para "R$100 bi", e não "US$100 bi", após esclarecimento enviado pela Petrobras (BVMF:PETR4))
Por Marta Nogueira e Patricia Vilas Boas
(Reuters) - A Petrobras planeja investir de 6 bilhões de reais a 8 bilhões de reais na ampliação da capacidade de processamento de petróleo da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) para 260 mil barris de barris por dia (bpd) até 2028, ante os atuais 100 mil bpd, afirmou nesta quinta-feira o CEO da empresa, Jean Paul Prates.
A afirmação foi feita pelo executivo durante cerimônia na refinaria, em Pernambuco, para marcar a retomada de obras na unidade, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que fez um discurso de mais de 30 minutos onde abordou a história da refinaria e criticou impactos da operação Lava Jato na unidade e também em sua própria vida.
A Rnest, um dos principais ativos da petroleira envolvidos na operação Lava Jato, iniciou suas operações em 2014, com a partida do primeiro conjunto de unidades (trem I, no jargão do setor) no Complexo Industrial Portuário de Suape, mas seu projeto original não foi concluído até hoje, após passar por diversos atrasos e aumentos de custos.
Denúncias apontaram desvios financeiros na construção da Rnest, por meio de pagamento de contratos com sobrepreços a empresas que prestaram serviços direta ou indiretamente à Petrobras.
"Estamos aqui recebendo o presidente Lula finalmente em um ato de superação e não tem ninguém talvez na história do país que tem a história de superação do nosso presidente Lula, e essa Rnest é o retrato da superação, o retrato dessa história", afirmou Prates, para uma plateia de trabalhadores.
A Petrobras havia investido cerca de 18 bilhões de dólares na construção do trem 1 da Rnest e de parte do trem 2 até que as obras fossem paralisadas, segundo afirmou na véspera a gerente executiva de Projetos de Desenvolvimento da Produção da Petrobras, Mariana Cavassin, a jornalistas.
Em seu plano atual de ampliação para a Rnest, a Petrobras planeja três importantes etapas. A maior delas será retomar as obras para a construção do trem 2 no segundo semestre deste ano, cuja conclusão está prevista para 2028, adicionando 130 mil bpd de capacidade.
A retomada do trem 2 da Rnest já havia sido anunciada em junho de 2023 e já estava prevista no plano estratégico da companhia sob o governo anterior. O projeto tinha sido suspenso em 2015, em meio ao escândalo de corrupção.
Segundo a Petrobras, os 100 bilhões de reais de faturamento previsto para a refinaria são baseados na média de faturamentos brutos obtidos pela empresa no Polo Ipojuca nos últimos anos, levando em conta a futura ampliação de capacidade da refinaria.
A petroleira planeja ainda concluir neste ano obras relacionadas a um equipamento de mitigação de emissão de gases (SNOX), que permitirão elevar a capacidade da unidade em 15 mil bpd. Para o primeiro trimestre de 2025, está prevista a conclusão das obras para a expansão do trem 1, que adicionará outros 15 mil bpd.
A expectativa é que as obras da Rnest gerem cerca de 30 mil empregos diretos e indiretos e um acréscimo de cerca de 13 milhões de litros de diesel S10 (de baixo teor de enxofre) por dia à capacidade de produção nacional.
A Rnest é a mais nova refinaria da petroleira, concluída 34 anos depois da Petrobras construir a sua última refinaria de petróleo.
TRANSIÇÃO ENERGÉTICA
Durante o evento, o CEO da Petrobras destacou que a Rnest, no futuro, não irá acabar junto com o fim da produção de petróleo, e será preparada para passar a produzir combustíveis como hidrogênio, e-metanol e diesel renovável. Citou ainda planos da empresa de produzir diesel coprocessado com óleos vegetais na unidade, em percentuais que vão crescer gradativamente.
A declaração atende a anseios do governo federal em relação à companhia, cuja gestão liderada por Prates, que tomou posse após a eleição de Lula, busca aliar geração de empregos locais com um protagonismo no processo para a transição energética.
Lula, em seu discurso, endossou o caminho rumo à transição energética, destacando a competitividade do Brasil e defendendo que o país será um importante consumidor de combustíveis verdes.
"Nós, Jean Paul, vamos utilizar esse momento histórico da humanidade e vamos dizer o seguinte: esse país não quer ser exportador de hidrogênio verde. Quando você estiver produzindo hidrogênio verde em Pernambuco, quando estiver na Bahia, sabe quem vai comprar? A Petrobras. Porque ela vai ser uma grande consumidora de energia limpa e verde nesse país", afirmou Lula.
Lula destacou ainda que se as siderúrgicas que querem produzir aço verde devem vir ao Brasil. "Quem quer produzir, quer a fábrica limpa, venha para o Brasil. A gente está aberto para receber, com o coração de brasileiro", concluiu.
(Por Marta Nogueira, no Rio de Janeiro, e Patricia Vilas Boas, em São Paulo; Edição de Pedro Fonseca)