Por Peter Nurse
Investing.com – Os preços do petróleo saltavam na sexta-feira, em meio a dúvidas sobre os níveis de oferta, mas ainda assim podem fechar a semana com fortes perdas, devido a preocupações com bloqueios sanitários na China contra a Covid-19 e com uma fraqueza da economia global.
Às 11h23 (horário de Brasília), o petróleo norte-americano avançava 2,3% a US$ 88,66 por barril, enquanto o Brent se valorizava 2,35%, a US$ 94,35 por barril, no mercado futuro.
O contrato futuro de gasolina RBOB nos EUA apresentava alta de 4,02%, a US$ 2,4812 por galão.
O tom otimista desta sexta-feira era ditado por impressões de que as tratativas nucleares entre Irã e EUA pareciam estar estagnadas, reduzindo a probabilidade de que o país persa retome as exportações no mercado mundial em breve.
O potencial acordo estava pesando sobre os preços do petróleo ultimamente, já que o Irã poderia fornecer em torno de um milhão de barris por dia, porém Adrienne Watson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, afirmou, nesta sexta-feira, que a resposta do Irã “não era construtiva”.
Os investidores também estão aguardando a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, grupo conhecido como Opep+, na próxima semana, na qual podem ser discutidos cortes de produção.
“O mercado estava se aproximando de US$ 90 por barril, e isso cria uma grande incerteza”, afirmaram analistas do ING em nota. “Em meados de agosto, quando o mercado recuava em relação a esses níveis, o ministro de energia saudita sugeriu a possibilidade de cortes de ofertas por parte da Opep+”.
“Nossa expectativa é que o grupo não mexa nas metas de produção. Seus próprios números mostram um mercado mais restrito do que o esperado. E eles provavelmente querem ver alguma clareza pelo lado da oferta antes de fazer qualquer grande alteração na política produtiva”, acrescentou a ING.
Dito isso, o mercado petrolífero deve encerrar a semana com forte declínio, devido a preocupações em relação ao enfraquecimento da demanda mundial, bloqueios sanitários da China e disparada do dólar até uma nova máxima recorde.
O aperto maior da política monetária na Europa e nos EUA suscitou preocupações de que o consumo de energia pode se enfraquecer durante o resto do ano.
O Banco Central Europeu deve elevar sua taxa básica de juros em meio ponto percentual na próxima semana, enquanto a economia norte-americana continua registrando um forte ritmo de criação de empregos, com as folhas de pagamento não agrícolas de agosto subindo 315.000, o que abre espaço para um grande aumento de juros pelo Federal Reserve neste mês.
Além disso, partes do importante centro de tecnologia de Shenzhen na China ampliaram as restrições a atividades públicas na sexta-feira, além das restrições a 21 milhões habitantes de Chenghu, onde foi decretado um lockdown na quinta-feira.
O dólar também saltou até máximas plurianuais e tocou o nível mais alto contra o iene em 24 anos pelo segundo dia seguido na sexta-feira, tornando o petróleo mais caro para detentores de outras moedas.
O número de sondas da Baker Hughes e os dados de posicionamento da CFTC encerram a semana.