Por Geoffrey Smith
Investing.com -- Os preços do petróleo bruto recuavam nesta terça-feira, mesmo após sinais de que os governos do Ocidente estão tomando medidas cada vez mais drásticas para sustentar o consumo num mercado artificialmente apertado pelas sanções à Rússia.
Às 12h31 (horário de Brasília), os futuros do petróleo WTI, negociado em Nova York, e referência de preços nos EUA, caía 1,74%, a US$ 108,06 por barril, enquanto os futuros do Brent, cotado em Londres e referência mundial de preços, apresentavam queda de 1,05%, a US$ 114,44 por barril. Embora isso ainda esteja cerca de US$ 16 abaixo dos picos de duas semanas atrás, os preços têm se mantido elevados, à medida que as esperanças por um rápido acordo de paz na Ucrânia - e por uma flexibilização das condições para se seja possível conseguir fornecimentos da Rússia - se dissiparam.
Nos EUA, os estados de Maryland e Geórgia já assinaram leis suspendendo os impostos estaduais sobre a gasolina um mês, enquanto os legisladores de Nova York, Illinois, Massachusetts, Michigan, Minnesota, Tennessee e Maine também consideraram medidas semelhantes.
Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, governos de toda a Europa também estão preparando cortes temporários na taxação de combustíveis, que no geral são muitas vezes superiores aos dos EUA. A Itália e a França já anunciaram medidas nesse sentido, enquanto se espera que o Reino Unido define algo semelhante quando o Chefe do Tesouro, Rishi Sunak, anunciar sua declaração de despesas da primavera do hemisfério norte.
Os analistas estão ocupados revisando suas previsões de preços mais elevados, em meio a sinais de que a UE deverá apertar suas sanções à Rússia, de modo a incluir a compra de energia. Anteriormente, o bloco tinha isentado as compras de petróleo e gás russos das suas sanções, por não conseguir encontrar fornecedores alternativos no curto prazo.
No entanto, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse aos legisladores europeus e norte-americanos numa série de discursos virtuais apaixonados que isto permite que a Rússia continue a financiar a sua guerra na Ucrânia – uma mensagem que, agora, parece ter surtido efeito. A UE deverá discutir a proibição da compra de petróleo russo durante uma cúpula na quinta-feira, de acordo com diplomatas citados pelo Wall Street Journal. Contudo, a proibição das compras de gás continua a ser um passo grande demais para a Alemanha e outros países.
Francisco Blanch, chefe de pesquisa de commodities globais e derivados do Bank of America, disse à Bloomberg TV na segunda-feira que, agora, vê um pico de US$ 150 por barril no verão do hemisfério norte, com um preço médio para o ano de US$ 110.
"O que a crise na Ucrânia fez foi aumentar toda a expectativa em pelo menos US$ 25 - US$ 30 por barril", afirmou Blanch, que antes previa que os preços alcançassem no máximo US$ 120/barril.
Torbjorn Tornqvist, diretor executivo da casa de negociação Gunvor, ligada à Rússia, disse em um evento do FT que as empresas de refino russas já estão reduzindo os envios de diesel devido às "autossanções" por parte de compradores ocidentais, limitando o mercado global. Ele disse que isso também teria um efeito cascata nos mercados brutos.
"O que isso significa? Significa que será necessário exportar mais petróleo bruto em vez de derivados, e acreditamos que isso não será possível e conduzirá a cortes na produção russa", afirmou Tornqvist, segundo o FT.