SÃO PAULO (Reuters) - O Plano Safra 2019/20 garantirá aos pequenos e médios produtores agrícolas maior volume de crédito em relação ao da atual temporada, afirmou nesta quarta-feira a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, durante audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.
Segundo Cristina, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) terá disponível um valor superior aos 30 bilhões de reais do plano 2018/19, enquanto a subvenção ao crédito agrícola terá aporte de cerca de 10 bilhões de reais, "em um esforço para manter os valores atuais".
"Vamos democratizar mais o crédito... vamos pôr mais recursos para os pequenos e médios produtores", disse a ministra, prometendo que o Plano Safra 2019/20 receberá no mínimo os mesmos 220 bilhões de reais destinados pelo governo neste ano.
"Os grandes terão de pagar um pouco mais (de juros), mas para esses estamos tentando modernizar um pouco mais as ferramentas de financiamento", completou Cristina, segundo nota publicada pelo ministério.
Ela disse que vai se reunir na próxima segunda-feira com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para discutir novos mecanismos financeiros que tornem possível aumentar os recursos para o crédito agrícola no país.
No início de sua exposição aos deputados, a ministra lembrou que o crédito rural é insuficiente no Brasil, e muito concentrado na mão de poucos produtores.
A ministra ressaltou ainda que a prioridade da pasta é garantir boas condições à grande maioria dos produtores do país, que tomam crédito de até 500 mil reais por ano.
"Essa é que tem de ser a nossa grande preocupação, pôr essas pessoas na produção, criando renda para o país e dando dignidade para essas famílias", disse ela.
CHINA
A ministra também fez um balanço da viagem à Ásia, da qual regressou na noite de terça-feira. Em relação à habilitação de novas plantas para exportação de carnes à China, Cristina disse que pediu ao governo daquele país a abertura de um canal de negociação estreito e permanente, sugerindo que as equipes técnicas dos dois países façam missões a cada dois ou três meses.
Ela lembrou que os chineses estão importando mais carne, por conta do impacto da peste suína africana em suas criações, e que o Brasil e outros exportadores devem aproveitar a situação.
Segundo a ministra, inicialmente os chineses se dispuseram a habilitar mais 20 plantas de frigoríficos brasileiros, mas ela disse achar pouco.
Ela disse que pediu uma abertura maior aos chineses, e ficou acertado que caberá ao Ministério da Agricultura brasileiro atestar oficialmente as plantas que estão aptas à exportação, tendo cumprido os protocolos assinados com os chineses e também com os mais variados países do mundo.
"Se Deus quiser, num futuro próximo vamos pôr isso no site do ministério. Quando abrir lá, teremos 100 frigoríficos, 200 frigoríficos habilitados para os mais diversos países do mundo, e aí o chinês poderá vir aqui e comprar de quem quiser... Tivemos muito cuidado nesta negociação e acho que teremos boas notícias", disse a ministra.
Cristina convocou uma reunião nesta quarta-feira com os representantes das associações de frigoríficos para discutir os critérios para habilitação e quantas plantas serão habilitadas para exportação à China quando o governo daquele país formalizar o pedido.
(Por Gabriel Araujo)