Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - O plantio de soja em Mato Grosso, maior produtor da oleaginosa do Brasil, avançou lentamente nesta semana, tendo atingido 1,67 por cento da área estimada até 1º de outubro, com produtores cautelosos em meio a chuvas escassas, de acordo com dados do Instituto Mato Grossense de Economia Agropecuária (Imea) publicados nesta sexta-feira.
O Mato Grosso, que responde por cerca de 30 por cento da colheita de soja do Brasil, avançou nesta semana apenas 1 ponto percentual no plantio da safra 2015/16 em relação ao período anterior, que marcou o início dos trabalhos.
O plantio está atrasado ante o ano passado em meio a chuvas irregulares em 2015, com produtores arriscando menos e sem pressa de soltar as sementes nos campos, com expectativas de que a segunda safra de algodão, plantada após a soja, será menor --em alguns anos, alguns produtores correm com a oleaginosa para depois contar com condições climáticas favoráveis para a pluma.
Em 2 de outubro de 2014, os produtores tinham plantado 4,55 por cento da área, um índice maior que o deste ano também por conta de chuvas mais frequentes em setembro do ano passado que permitiram um trabalho antecipado, disse o Imea à Reuters, ressaltando que a semeadura costuma em geral ganhar força no início de outubro.
Segundo o Imea, o atraso ante o ano passado é mais em virtude da semeadura "anormal" que aconteceu na safra 14/15, quando os trabalhos precoces nos campos resultaram até mesmo em perdas para algumas áreas que não tiveram volumes subsequentes de chuvas após o plantio.
Em 3 de outubro de 2013, por exemplo, o plantio esteve em linha como ritmo deste ano, em 1,4 por cento, citou o Imea.
Segundo o agrometeorologista da Somar Marco Antônio dos Santos, o fenômeno climático El Niño deve manter essa irregularidade de chuvas na região Centro-Oeste até novembro, quando as precipitações deverão se regularizar.
Por isso, produtores estão cautelosos em iniciar o plantio precocemente este ano, para minimizar o risco de perdas, diante de custos mais altos pelo dólar forte, que encarece insumos.
"Não vamos ter o veranico de outubro de 2014, porém as chuvas serão muito irregulares, chove num lugar e não chove em outro", afirmou Santos.
Ele avalia que o risco de replantio este ano é menor, uma vez que os agricultores estão semeando "com mais segurança".
"Acho que o risco é baixo (de perdas com plantio precoce), o problema é que o plantio não vai acontecer no ritmo que todo mundo estava querendo", acrescentou, lembrando que muitos participantes do mercado aguardam ansiosamente as primeiras colheitas.
A safra de Mato Grosso está estimada pelo Imea em um recorde de 29 milhões de toneladas, crescimento de 3,5 por cento ante a temporada passada, com o Estado respondendo por cerca de 30 por cento da safra nacional prevista em quase 100 milhões de toneladas, segundo pesquisa da Reuters.
PARANÁ
Se o plantio de soja está mais lento em Mato Grosso, no Paraná, segundo Estado produtor do Brasil, os trabalhos estão em ritmo mais acelerado, justamente pela ocorrência de chuvas trazidas pelo El Niño à região Sul.
Até 28 de setembro, 13 por cento da área prevista para a oleaginosa em 2015/16 estava semeada no Paraná, ante 9 por cento um ano atrás, segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral), do governo estadual.
O Deral estima um recorde de 17,98 milhões de toneladas para a safra de soja do Estado, ante 16,96 milhões de toneladas na temporada anterior, com produtores destinando mais áreas para a oleaginosa, em detrimento do milho, cujo cultivo tende a ser maior no inverno.