SÃO PAULO (Reuters) - O plantio de soja no Brasil da safra 2014/15 atingiu 10 por cento da área projetada até o final da semana passada, o índice mais baixo para a semeadura nesta época do ano desde a temporada 2008/09, apontou a consultoria especializada AgRural nesta segunda-feira.
Em relação à semana anterior, houve um avanço de apenas 3 pontos percentuais no plantio, por conta da baixa ocorrência de chuva nas principais áreas produtoras, especialmente em Mato Grosso.
O plantio está nove pontos percentuais mais lento ante o índice do mesmo período do ano passado e 10 pontos atrás da média de cinco anos para o período.
Algumas perdas, especialmente por replantio de áreas que não germinaram pela seca, são esperadas.
"Há relatos de necessidade de replantio em diversas regiões, mas os produtores dizem que só saberão o tamanho da área a replantar quando as chuvas retornarem, o que deve acontecer de forma mais regular somente na última semana de outubro", afirmou a AgRural.
Mas especialistas ainda não alteraram sua previsão de safra recorde, considerando que haverá tempo suficiente para recuperar o atraso da semeadura sem que produtividades da oleaginosa sejam afetadas.
A safra de soja 2014/15 do Brasil, a ser colhida no início do próximo ano, deverá atingir históricas 93,9 milhões de toneladas em condições normais de clima, segundo a mediana de uma pesquisa da Reuters com analistas, corretores e instituições.
PROBLEMAS EXTRAS
De acordo com a AgRural, "além do peso extra do replantio no bolso do produtor, cujas margens já estão apertadas devido à queda dos preços da soja", o atraso na semeadura causa outros dois problemas.
"Um é o estreitamento da janela de plantio da safrinha (segunda safra) e o consequente aumento de seu risco climático, que já têm resultado em melhora das cotações e do volume de negócios no mercado brasileiro de milho. O outro é o alongamento da entressafra da soja, já que praticamente não haverá áreas prontas para colher em janeiro..."
Mato Grosso, maior produtor de soja do Brasil, por exemplo, deve terminar janeiro com cerca de 5 por cento de sua área colhida, bem abaixo dos 14 por cento da média de cinco anos.
"Como também há atraso em outros Estados, o Brasil encerraria o mês (janeiro/15) com cerca de 2 por cento de sua área colhida, contra 6 por cento na média de cinco anos."
A falta de chuvas no Centro-Oeste interrompeu as negociações do grão para entrega no mês de janeiro, tipicamente um período de grande demanda, segundo especialistas.
(Por Roberto Samora)