Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Pré-Sal Petróleo (PPSA) está se capacitando para ser uma exportadora de petróleo, em cerca de um ano, com o objetivo de atingir novos mercados para vender o petróleo da União dos contratos de partilha do pré-sal, afirmou nesta quinta-feira o presidente da estatal, Ibsen Flores.
A estatal foi criada para representar a União nos contratos de partilha. Mas tem enfrentado algumas dificuldades na comercialização da produção, com a ausência de um mercado com empresas que comprem petróleo dentro do território nacional.
Ele não comentou os volumes que poderiam ser exportados, mas as vendas realizadas e previstas em leilões deste ano podem dar alguma indicação da oferta da PPSA, que trabalha na região petrolífera brasileira que tem sustentado o crescimento da produção do país.
Atualmente, segundo Flores, as próprias petroleiras que operam no país são as responsáveis por vender e exportar os volumes produzidos.
"Nós estamos trabalhando para que, em um ano, a empresa esteja capacitada para ser exportadora e ter a logística contratada", afirmou Flores, explicando que a PPSA contrataria com empresas navios de posicionamento dinâmico que fariam a exportação do petróleo.
Dessa forma, segundo ele, seria possível que a PPSA vendesse em um leilão petróleo diretamente para uma refinaria na Ásia, por exemplo, pois ela mesmo contrataria o transporte.
Até o momento, o governo vendeu três cargas de petróleo, todas neste ano, duas de 500 mil barris e uma de 250 mil barris, além de um contrato de gás natural, de 230 mil metros cúbicos por dia, todos para a Petrobras (SA:PETR4).
Mas, a partir de agora, o governo planeja realizar leilões de petróleo. Em um primeiro certame, realizado na bolsa paulista B3 em maio, o governo não obteve nenhum lance. Um dos possíveis motivos, segundo Flores, foi o fato de que as regras da comercialização ainda estavam em tramitação no Congresso, trazendo incertezas aos potenciais investidores.
Mas outros fatores ainda são uma preocupação para a estatal, como posição geográfica do Brasil, questões meteorológicas e o fato de não haver atualmente no país outros players que vendam petróleo em grande volume para terceiros dentro do território nacional.
"Como a gente identificou que esse é o gargalo, e lições aprendidas fazem a gente (implementar) melhorias, o que a gente está prevendo é que em um próximo leilão a gente vai ter um outro cenário, com possíveis compradores internacionais."
Flores explicou que não há impedimentos legais para que a empresa se torne uma exportadora.
Enquanto isso, a PPSA se prepara para um novo leilão do dia 31 deste mês, o qual acredita que será bem-sucedido, apostando nas regras já consolidadas e adaptações feitas em relação ao anterior.
Serão ofertados 14,4 milhões de barris de petróleo na B3, referentes à produção da União estimada nos próximos três anos nos campos de Mero (10,6 milhão de barris), Sapinhoá (600 mil) e Lula (3,2 milhão), todos na Bacia de Santos, informou a estatal nesta quinta-feira. Os lotes serão ofertados individualmente.
(Por Marta Nogueira)