Por Sarah Marsh e Philip Pullella
SANTA CRUZ, Bolívia (Reuters) - Ao afirmar que também cometeu erros e pecou, o papa Francisco incentivou detentos de uma das prisões mais brutais da América Latina a evitar a violência das gangues, nesta sexta-feira, e exortou os carcereiros a tratá-los com dignidade.
"O homem diante de vocês é um homem que vivenciou o perdão. Um homem que foi, e está, salvo de seus muitos pecados", disse o papa a centenas de presos e seus filhos durante visita a um local que um prisioneiro de longa data comparou a "Sodoma e Gomorra".
"Isto é o que eu sou. Não tenho muito mais a dar ou oferecer a vocês, mas quero compartilhar com vocês aquilo que realmente tenho e amo. É Jesus Cristo, a misericórdia do Pai", disse ele enquanto duas crianças se chegavam para sentar junto a ele no palco. "Peço a vocês que por favor continuem orando por mim, porque eu também tenho meus erros e eu também preciso me penitenciar", afirmou.
Os guardas só cuidam do perímetro da ampla prisão de segurança máxima de Palmasola, enquanto assassinos e traficantes de drogas administram suas unidades, que parecem mais favelas do que alas prisionais, cobrando dos presidiários tudo que precisam para viver.
O pontífice disse que, embora os carcereiros e funcionários desempenhem um papel importante na reintegração, devem respeitar os prisioneiros. "É sua responsabilidade erguer, e não abater, restaurar a dignidade, e não humilhar; encorajar, e não infligir sofrimentos", disse.
No encontro emotivo ocorrido em um campo esportivo surrado, o veterano presidiário Leonidas Martin Rodríguez Delgado disse ao papa que quando chegou, em 1997, o local parecia as cidades bíblicas pecaminosas de Sodoma e Gomorra, "porque não existia a aplicação da lei".
O papa Francisco exortou os prisioneiros a evitar a rivalidade e buscar uma "fraternidade genuina". "Não tenham medo de ajudar uns aos outros. O diabo quer ver rivalidades, divisão, gangues. Continuem trabalhando para progredir".
Palmasola é conhecida pela violência entre suas facções. Em um de seus piores incidentes, em 2013, pelo menos 30 detentos foram mortos na seção PC3, que abriga os presos mais perigosos.
(Reportagem adicional de Diego Oré)