Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - As áreas do pré-sal em produção precisam que os preços do petróleo sejam superiores a 55 dólares o barril para serem economicamente viáveis, disse nesta terça-feira o presidente da Petróleo Pré-Sal SA (PPSA), Oswaldo Pedrosa, indicando que algumas áreas podem estar operando com perdas no momento, considerando o mercado atual.
A produção de óleo e gás natural operada pela Petrobras (SA:PETR4) na camada pré-sal em setembro ficou na média de 1,028 milhão de barris de óleo equivalente por dia (boed), ou cerca de um terço de toda a produção brasileira.
O preço do petróleo Brent era negociado nesta terça-feira próximo de 49 dólares o barril, com o mercado global sendo atingido por uma grande oferta e preocupações econômicas, especialmente com o crescimento mais lento da China.
Pedrosa, executivo da estatal criada para gerir o pré-sal, fez o comentário ao falar sobre o preço de equilíbrio (valor mínimo do barril a partir do qual a produção é economicamente viável) para a reserva petrolífera gigante de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos.
"Então Libra hoje opera em prejuízo? Não, porque ela ainda não entrou em operação", afirmou Pedrosa durante palestra no Rio de Janeiro.
Em entrevista a jornalistas, após a sua fala, Pedrosa confirmou o "break even" para o pré-sal de 55 dólares e reiterou que o valor já estava descrito no plano de negócios da Petrobras.
Pedrosa ponderou ainda que existe uma expectativa de recuperação dos preços do petróleo até o fim desta década, dando tempo para a produção em Libra se tornar viável, assim como para outras áreas do pré-sal.
"Hoje os preços estão baixos e há uma tendência de recuperação dos preços de forma mais prolongada, talvez em patamares inferiores do que a gente via anteriormente, mas que até o fim da década, com certeza, não teremos esses preços (atuais) do petróleo."
Ele disse ainda que as companhias ainda podem reduzir o chamado "break even" à medida que aumentam seus conhecimentos sobre as áreas petrolíferas.
A Petrobras, que está à frente da maior parte das áreas do pré-sal do Brasil, indicou no início do ano um preço de equilíbrio para a áreas do pré-sal um pouco abaixo da cotação citada por Pedrosa.
A empresa falou em nota que o preço de equilíbrio planejado no momento em que foram aprovados os projetos do pré-sal situava-se a cerca de 45 dólares o barril, incluída a tributação e sem considerar os gastos com infraestrutura de escoamento de gás --ao considerar essas despesas, o valor pode aumentar entre 5 e 7 dólares o barril.
A estatal disse ainda, anteriormente, que o "break even" previsto levava em consideração uma vazão de poços entre 15 e 25 mil barris por dia, e que atualmente alguns poços têm vazão superior a 30 mil barris de óleo por dia, "com efeito positivo na economicidade dos projetos".
Procurada nesta terça-feira, a Petrobras não se manifestou imediatamente sobre o assunto.
PLANOS PARA LIBRA
A Petrobras é a operadora da mega reserva petrolífera de Libra, considerada a maior do Brasil, com 40 por cento de participação, em parceria com a Shell e a Total, ambas com fatia de 20 por cento, além das chinesas CNPC e CNOOC, as duas com 10 por cento cada.
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) estimou anteriormente que Libra contenha de 8 bilhões a 12 bilhões de barris recuperáveis.
Pedrosa explicou ainda que Libra deverá receber uma segunda plataforma de petróleo entre 2021 e 2022, que deverá ter as mesmas características da primeira, que está prevista para entrar em operação em 2019.
Um Teste de Longa Duração (TLD) em Libra está previsto para iniciar a operação no início de 2017, após a entrega da plataforma marcada para o fim de 2016, segundo Pedrosa.
A previsão inicial é que Libra tenha um total de 12 plataformas de produção de petróleo, mas esse número poderá sofrer alterações com o tempo.
A PPSA prevê que a primeira plataforma reinjete todo o gás produzido de volta pelos poços para o campo, como forma de aumentar a produção de petróleo.
Entretanto, um comitê especial foi criado dentro de Libra para buscar alternativas para o aproveitamento de gás a partir da próxima década.