SÃO PAULO (Reuters) - O preço da arroba do boi gordo na BM&FBovespa atingiu um recorde de 134,25 reais nesta sexta-feira, com influência das altas cotações no mercado físico brasileiro, diante da baixa oferta de gado pronto para o abate no país, segundo analistas.
Por volta das 14h15, o primeiro contrato do mercado futuro, o novembro, subia 0,49 por cento, operando na máxima da sessão, com uma alta de quase 20 por cento no acumulado do ano.
"Tem pouca oferta de gado para ser abatido, isso puxa o mercado para cima, deixa a expectativa de novas altas", afirmou o analista da Scot Consultoria Alex Lopes, referindo-se ao recorde de alta registrado na BM&FBovespa.
No mercado físico, o preço da arroba do boi gordo superou pela primeira vez o patamar de 130 reais nesta semana, no mercado paulista.
O Indicador Esalq/BM&FBovespa, que avalia preços à vista, fechou a 130,22 reais na quinta-feira, alta de 0,48 por cento ante o dia anterior, maior valor nominal da história (sem considerar a inflação).
O preço do boi gordo vem tendo sustentação desde o início do ano, depois que pastos foram afetados pela severa seca, prejudicando a engorda dos animais. No acumulado do ano, houve uma alta de 13,5 por cento do indicador.
Segundo Lopes, o recorde no mercado futuro ocorre muito mais por uma "especulação gerada pelo otimismo no mercado físico", mas o momento exige cautela do pecuarista, considerando que a demanda por carne no mercado interno está fraca, diante dos preços altos do produto e da fraqueza da economia brasileira.
"Para efeito de planejamento de produtor, tem que ser mais cauteloso, levando em consideração a questão da demanda, principalmente", comentou.
O analista frisou que o mercado bovino está "muito brigado", pois se por um lado a baixa oferta influencia na alta da arroba, por outro a demanda interna por carne é um limitante do preço do gado.
"Tem uma situação de demanda muito ruim, a população está sem poder de compra, e a carne está chegando mais alta ao consumidor... A mola do mercado está esticada, a indústria aumentando o máximo que pode para preservar margens, o varejo também...", completou.
Ele acrescentou que este mês e no próximo deverá entrar no mercado o boi de confinamento, que representa cerca de 10 por cento do gado abatido no Brasil. Mas o analista não crê que essa oferta será suficiente para mudar o quadro de forma expressiva.
"A gente não acredita em redução de preço, mas em limitação de alta", destacou.
Embora a demanda interna por carne bovina esteja fraca, as exportações do Brasil (maior exportador global), estimadas para atingir um recorde em 2014, atuam como fator altista para o mercado.
Mas, considerando que 80 por cento da carne produzida no Brasil é consumida no mercado interno, o analista minimizou a importância das vendas externas para a alta da arroba.
(Por Roberto Samora)