SÃO PAULO (Reuters) - Os preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul, maior produtor brasileiro e mercado de referência para o produto no país, atingiram na terça-feira uma máxima recorde em termos reais, com uma demanda firme das indústrias, apontou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) nesta quarta-feira.
Segundo o instituto da USP, os preços vinham operando nas máximas nominais desde o início deste ano e bateram o maior valor da série histórica iniciada em 2005 em termos reais, a 73,05/saca de 50 kg (para lotes de 58% grãos inteiros, com pagamento à vista).
No acumulado parcial deste ano, o indicador registra alta de 52%.
Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso vem especialmente da demanda aquecida.
"Boa parte das indústrias/beneficiadoras do Estado sul-rio-grandense tem interesse em realizar novas aquisições, com o objetivo de repor estoques, mesmo com certa dificuldade nas negociações do cereal beneficiado com atacadistas e varejistas de grandes centros consumidores", afirmou o centro de estudos.
"Inclusive, em alguns dias, pesquisadores do Cepea verificam certa concorrência entre empresas na aquisição de novos lotes. Esses demandantes também estão atentos aos baixos estoques de passagem", acrescentou.
Do lado da oferta, os produtores, "de olho no movimento de alta nos valores, limitam as vendas de novos lotes de arroz em casca no mercado spot, à espera de preços ainda maiores".
De acordo com o relatório de agosto da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) citado pelo Cepea, a produção de arroz da safra 2018/19 (de março/19 a fevereiro/20) foi estimada em 10,48 milhões de toneladas, 13,1% abaixo do volume do ano-safra anterior.
Para a safra 2019/20 (de março/20 a fevereiro/21), a colheita nacional foi estimada pela Conab em 11,2 milhões de toneladas no relatório de agosto, 6,6% acima da safra passada.
A previsão da Conab, disse o Cepea, é que o consumo interno aumente 521,9 mil toneladas em relação ao período anterior, após ter cedido 1,7 milhão de toneladas em apenas dois anos.
"É esperado, também, que as exportações somem 139,1 mil toneladas a mais que a temporada anterior. Com isso, a demanda total pelo arroz brasileiro deve se elevar em 661 mil toneladas, superando, portanto, a variação positiva da disponibilidade interna."
Como consequência, por enquanto, as estimativas apontam que o estoque final em fevereiro/21 seja equivalente a 2,6 semanas de consumo doméstico, contra 2,8 semanas observadas em fevereiro/20 e 3,1 semanas em fevereiro/19.
(Por Roberto Samora)